Não é segredo para ninguém que a atual diretoria do Santos sempre vê com bons olhos a ideia de levar o time da Baixada Santista para atuar na Capital visando rendas com bilheteria maiores, além de agradar grande parte de sua torcida que reside em São Paulo. Por isso, assim que goleou o Botafogo no Pacaembu e garantiu vaga às semifinais da Copa do Brasil, já se viu uma nova e boa oportunidade de agendar o duelo contra o poderoso Cruzeiro para o mesmo local.
Porém, a pressão do elenco para atuar na Vila Belmiro deu certo e o Comitê Gestor admitiu que vai mandar seu jogo contra a Raposa no Estádio Urbano Caldeira. A perda do Campeonato Paulista para o Ituano no primeiro semestre também pesou, já que, à época, o técnico Oswaldo de Oliveira não foi atendido ao solicitar que uma das finais fosse disputada no estádio santista. No fim, o clube viu o título ficar com o time do interior após duas partidas no Pacaembu com ótima renda, mas sem festa para a torcida do Peixe.
“A vantagem depende do primeiro jogo, acho que a gente sempre teve vantagem na Vila porque sempre fizemos bons primeiros jogos. Respeito todos os estádios, sei que a diretoria gosta do Pacaembu porque a renda é maior, mas os adversários sentem quando jogam na Vila Belmiro. É um fator muito positivo que temos de aproveitar”, avisou Robinho, em entrevista coletiva na sexta passada. “A Vila Belmiro é um alçapão, o estádio que eu mais gosto de jogar. Se fosse escolha minha, preferiria jogar aqui (na Vila) todos os jogos”, sentenciou o camisa 7, talvez o jogador que tenha mais voz entre o elenco e a diretoria.
Após a vitória nas quartas de final, contra o Botafogo, nem a goleada por 5 a 0 no próprio Pacaembu mudou o pensamento do capitão Edu Dracena: "É difícil. Nossa vontade é jogar na Vila, então vai da diretoria decidir", disse o experiente atleta, seguido por seu companheiro de zaga David Braz, que ignora até sua fase artilheira no estádio municipal (cinco gols em cinco jogos) para atuar na Vila. “Mesmo com essa fase no Pacaembu, prefiro a Vila Belmiro. Gosto muito de jogar lá, a torcida inflama”, avisou.
Gerente de futebol do clube, Zinho lembra da importância de realizar jogos em São Paulo, porém, não nega que com um calendário tão apertado como é o do Brasil, viajar até quando se é o mandante pode ser prejudicial do time: “Tem jogos que é importante jogar na Vila, tem viagem, desgaste, comboio (para descer a Serra), e na Vila nossos jogadores se sentem muito bem também”, admitiu.
O único que prefere ficar ‘em cima do muro’ é o técnico Enderson Moreira. Diferente de seu antecessor, Oswaldo de Oliveira, Enderson evita entrar em conflito e prefere acatar o que a diretoria decidir.
“São discussões internas que tem de ser resolvidas. A Vila é nossa casa, mas o Pacaembu nos traz todas as condições de fazer bons jogos como temos feito aqui. Se a direção achar que é interessante fazer aqui (no Pacaembu), temos de estar preparados para enfrentar a semifinal nestas condições”, desconversou o treinador.
O primeiro confronto entre Santos e Cruzeiro válido pela semifinal da Copa do Brasil será realizado no dia 29 de outubro, no Mineirão, às 22h. A segunda partida, agora confirmada para Vila Belmiro, está marcada para o dia 5 de novembro, no mesmo horário. Na outra semifinal, Flamengo e Atlético-MG se enfrentam nas mesmas datas e horários.