O improvável aconteceu. Para quem esperava uma facilidade do Atlético-MG ao Palmeiras, o Galo deixou a rivalidade de lado e bateu os paulistas por 3 a 1, em pleno Parque Antártica. Quem saiu ganhando com isso é o Cruzeiro, que fez a sua parte neste domingo, bateu o lanterna América-RN por 2 a 0 no Mineirão e conquista a vaga na Copa Libertadores em 2008 com o tropeço alviverde nesta última rodada de Campeonato Brasileiro.
A vitória deixa a Raposa com 60 pontos, na quinta colocação, um tento atrás do Fluminense, já garantido na Libertadores devido ao título da Copa do Brasil. Os celestes estiveram em 20 das 38 rodadas na zona de classificação à competição sul-americana, o que equivale um turno inteiro, e retornam ao torneio após quatro anos de ausência.
Mesmo com a eminente dificuldade em se classificar, a torcida azul compareceu em bom número ao Gigante da Pampulha. No começo houveram protestos, como uma faixa onde estava escrito ‘chega de jogadores medíocres e pipoqueiros’, mas com toda a facilidade do jogo e os gols atleticanos em São Paulo, a torcida não teve vergonha de festejar pela vitória do rival.
Não foi uma boa partida do Cruzeiro. Após sair na frente facilmente com os dois gols, a equipe recuou, passou a administrar o resultado para acompanhar o que de positivo lhe interessava na rodada e sofreu uma pequena pressão do lanterna. Isso já não importava mais, pois os tentos de Leandro Domingues e Roni, de pênalti, levaram a Raposa ao maior objetivo da temporada, que ameniza em parte a irregular temporada azul.
O América confirma a lanterna do Brasileirão com 17 pontos, quatro vitórias, 28 derrotas e um saldo negativo de 54 gols negativos. É a pior campanha de uma equipe na competição desde que os pontos corridos foram instaurados.
Um treino de ataque contra defesa, Essa foi a impressão de quem acompanhou a partida entre Raposa e Dragão. Em nenhum momento a equipe potiguar fez algo para levar perigo ao gol celeste. Por outro lado, a pressão azul se exerceu desde os primeiros minutos.
Logo aos três, Wagner cruzou, Alecsandro subiu mais que a zaga e acertou a trave esquerda de Azul. O goleiro americano nem havia se recuperado do susto quando o camisa 10 tabelou com Leandro Domingues, saiu na entrada da área e finalizou com perigo.
O Cruzeiro foi para o tudo ou nada logo nos primeiros minutos, mas sentiu que não era necessário. O América é um adversário que não transmite perigo. Pelo contrário, chama o adversário. O gol era questão de tempo e saiu aos 18. Wagner recebeu passe colocado pelo lado esquerdo, avançou com liberdade e arrancou um cruzamento rasteiro. Roni deixou a bola passar e a sobra ficou com Leandro Domingues, que dominou e bateu forte no canto direito, sem chances para Azul.
O gol não tirou o ânimo celeste e pouco depois a Raposa já apareceria com outra chance concreta. Aos 23, Leandro Domingues invadiu a área, driblou Klébson e acabou recebendo um toque do rival. Pênalti marcado para os mandantes que Roni, dois minutos depois, converteu.
Fábio era um mero espectador do jogo e o América tentava se segurar como podia, muitas vezes contando com a sorte. Aos 29, Mariano desceu pela direita e cruzou, a zaga potiguar tirou mal e a sobra ficou com Wagner, que emendou o chute, à direita da meta.
Na volta do intervalo, o forte sol de Belo Horizonte fez com que os jogadores se poupassem mais. Ciente da fragilidade alheia, o técnico Dorival Júnior pediu para que se valorizasse a posse de bola. A ordem foi cumprida à risca, principalmente depois que os alto-falantes do Mineirão informaram a virada do rival para cima do Palmeiras por 2 a 1.
Isso não impediu novas chegadas dos mandantes. Aos 11, Wagner recebeu bom passe, arrancou, passou por toda a marcação e tabelou com Roni dentro da área. O capitão azul finalizou em cima do goleiro e perdeu excelente oportunidade. Aos 21, Alecsandro chegou a tirar de Azul por cobertura, mas a zaga americana tirou em cima da linha.
No Palestra Itália, o Galo fazia o terceiro e sacramentava a vitória. No Mineirão, Émerson, que entrara no segundo tempo, foi expulso. O América tentou criar algumas chances, a maioria delas defendidas sem maiores perigos por Fábio. Era a senha para tirar o pé do acelerador e curtir a classificação após idas-e-vindas nesse Brasileirão.