O técnico Cristóvão Borges não pareceu assustado com a pressão de substituir Tite e a possível rejeição da torcida do Corinthians em seu primeiro dia de trabalho como treinador do clube. Sorridente, o profissional de 57 anos recebeu do diretor-adjunto de futebol, Eduardo Ferreira, uma camisa atual do Alvinegro com o número 8 às costas, o mesmo utilizado por ele em 1986, quando defendeu as cores do Parque São Jorge. Ao seu lado, Alessandro, novo gerente de futebol, também acompanhou a coletiva.
Apontado por alguns corintianos como um nome muito aquém para substituir Tite, já que tornou-se técnico apenas em 2011 e ainda não ganhou um título na função, Cristóvão assegurou não se preocupar com as críticas. Na sua cabeça, seu objetivo de trabalho está bem definido: ser campeão.
“(As críticas) só vão pesar se eu não for campeão aqui. Mas eu vim aqui para ser campeão. Venho buscando isso desde sempre e isso não é algo que tem me atrapalhado. Se eu cheguei aqui sem título, é porque tenho algo de interessante que fez o Corinthians me buscar. Com tudo que tem a meu dispor pretendo ir bem”, avaliou o treinador.
Após comandar Flamengo e Atlético-PR no ano passado, Cristóvão viu muitas diferenças entre seus dois últimos trabalhos e o que acaba de iniciar no Timão. Para ele, a “herança” que ele recebeu nas últimas vezes atrapalhou bastante a busca por resultados. Agora, recebe o Alvinegro no G-4 do Brasileiro, título que defende na atual temporada.
“Sou uma pessoa otimista. Já cheguei em vários clubes e voce tem as heranças. A que recebo aqui é de um treinador com um trabalho encaminhado. O Corinthians é o atual campeão brasileiro, está reformulando o time. Até o Tite teve dificuldade para acertas as coisas. Futebol, o tempo é para ontem, não tem. Mas cheguei ontem (domingo) e foi muito bom, convivio bom, bacana de ver. Me deu gás, estou animado”, afirmou, pedindo para que não esperem o mesmo time campeão no ano passado.
“O time que todos nós aplaudimos no ano passado, o atual campeão, passou pela mesma coisa. Foi um time que alternou boas performances, bons jogos, e agora está se reconstruindo. E como eu vou comandar uma equipe que o Tite treinou, estou pegando uma boa herança e vou ter que trabalhar da mesma forma. Minha é ideia criar um time consistente que possa brigar pelo título”, projetou.
Atleta do Timão na década de 80, Cristóvão ostenta 17 gols em 58 jogos disputados pela equipe, mas não vê grandes semelhanças entre o passado vivido e o presente. Impressionado com a estrutura de trabalho, ele ainda fez questão de elogiar o bom relacionamento mantido entre os atletas.
“Até por isso o Corinthians não é o mesmo que eu joguei aqui, mas as ideias são muito interessantes. O que me deixou mais confiante ainda foi a maneira com que eles lidam, procuram criar uma ambiente saudável, preocupação com as relações humanas, achei bastante interessante. A gente vê um time ganhar muito e ser campeão, a maioria tem condição de montar time bom, mas o Corinthians tem esse aspecto para fazer a diferença. Me senti em casa”, contou o corintiano.
Por fim, Cristóvão pediu o apoio da torcida a todo momento, principalmente nos jogos dentro de casa. Para ele, o fato de não ter sido especulado como substituto de Tite até realmente ser procurado pela diretoria contribuiu bastante para a desconfiança dos alvinegros com relação ao seu trabalho, mesmo antes da estreia.
“Não pode me atrapalhar, não, tem algumas abordagens que eu estou acostumado. Sem problema, é isso. Acho que tem a ver eu não ser parte de lista nenhuma, especula-se bastante, eu não constava em nenhuma. A surpresa fez com que essas críticas aumentassem. Me sinto aqui privilegiado, já passei como jogador. De quando passei como jogador, chegar como treinador e ver tudo isso, é uma honra para mim”, encerrou.