A intenção do Corinthians era salvar a cabeça do técnico Antônio Lopes, mas o time deixou o Morumbi com a segunda derrota seguida e o sonho encerrado do título no Campeonato Paulista. Na tarde deste domingo, o São Paulo venceu o clássico por 2 a 1, no Morumbi, e aumentou a pressão sobre o técnico Antônio Lopes.
Apesar de ter garantia do presidente da MSI, Kia Joorabchian, a situação do treinador é apontada como delicada por conselheiros próximos ao presidente Alberto Dualib. E, se não fosse os 30 minutos finais, a atuação do clube teria sido um verdadeiro desastre.
Com o revés, o Corinthians permaneceu nos 25 pontos, pode terminar a rodada em quinto lugar e a nove pontos do líder Santos. Já o São Paulo volta à segunda posição, com 29 pontos, e torce por um tropeço do Santos, diante do Guarani neste domingo, para terminar a rodada a apenas dois pontos do líder da competição. Vale lembrar que o Tricolor ainda tem o confronto direto contra o Peixe na 18ª e penúltima rodada.
No primeiro tempo, o alvinegro só teve certa criatividade nos primeiros minutos, mas foi rapidamente marcado e viu o São Paulo massacrar. De tanto insistir e perder chances, o time abriu o placar com Danilo, aos 29 minutos. Tido como o maestro do time, Ricardinho nada fez e a equipe não deu um chute a gol.
A apatia permaneceu na etapa final e o Tricolor foi rápido para marcar o segundo, com André Dias, aos três, após falha de Herrera. Lopes ainda mexeu, tirou Ricardinho e o time melhorou. Aos 13, Nilmar sofreu pênalti e, nesta hora, o torcedor pôde observar o duro retrato da equipe.
Os jogadores contratados a peso de ouro (Mascherano, Roger, Nilmar e Gustavo Nery) deixaram Rafael Moura, vindo de graça ao Timão, bater e o atacante teve a penalidade defendida por Rogério Ceni. Mesmo assim, a equipe reagiu, marcou com Nilmar, aos 31, sufocou nos minutos finais, aproveitando a expulsão de Mineiro, mas não conseguiu o empate, que poderia melhorar a situação de Lopes.
Agora, as duas equipes têm uma semana de descanso. No sábado, o São Paulo volta a jogar no Morumbi contra o Noroeste, e o Corinthians terá pela frente o América, em São José do Rio Preto, no domingo.
O jogo
Ameaçado de demissão, Lopes mudou de novo a formação da equipe, trazendo apenas um meia (Ricardinho), colocando três zagueiros, dois volantes e Rosinei improvisado na ala direita. O resultado, porém, foi desastroso. Com os alas bem marcados e Ricardinho longe do ataque, o time insistia nas jogadas pelo meio com Rafael Moura, que via Nilmar ficar várias vezes impedido.
Assim, o camisa 17 prendia a bola e acabava sendo uma presa fácil para a marcação são-paulina. Com o ataque rival facilmente anulado, o São Paulo passou a dominar o jogo a partir dos dez minutos e, ciente da instabilidade de Herrera, arriscou chutes de longa distância. Desta forma, o time criou a primeira boa chance aos 14, com Richarlyson batendo de longe, o chileno espalmando para o alto e Betão tirando em cima da linha.
Nem os três zagueiros evitavam a frágil defesa corintiana dos perigos e o Tricolor cansou de perder oportunidades com Souza, Mineiro e Alex Dias. Depois de tantos sustos, o atual campeão finalmente fez jus ao domínio e abriu o placar aos 29. Edcarlos aproveitou a sobra de um cruzamento, passou para Danilo, que girou na frente de Rafael Moura e bateu. A bola, caprichosamente, desviou em Marcus Vinícius e tirou qualquer possibilidade de defesa.
Mesmo com a vantagem, o Tricolor seguiu melhor, tabelando com facilidade e chegando sem problemas à meta rival. Apático na frente, o Corinthians só teve a primeira jogada consciente aos 42, com uma tabela entre Ricardinho e Wendel, que cruzou e viu Rogério Ceni agarrar. Foi a única intervenção do goleiro em toda etapa.
Falhas castigadas: Depois de praticamente não assustar, o alvinegro criou uma jogada no primeiro minuto com Nilmar, que recebeu de Rafael Moura, e foi desarmado em cima da hora por André Dias. Logo após salvar o time, o zagueiro foi ao ataque e tratou de definir a partida.
Em escanteio cobrado por Richarlyson, Herrera saiu de forma desastrosa do gol e o camisa 33 do Tricolor cabeceou com tranqüilidade para o fundo das redes, aos três minutos. Com a boa vantagem, o time recuou, passou a explorar o contra-ataque, enquanto o Corinthians se esforçava para ir ao ataque com Roger e Renato (nos lugares de Ricardinho e Wendel) e conseguiu uma penalidade aos 13 minutos.
Em jogada pela esquerda, Nilmar foi empurrado por Alex na área e o árbitro apontou a marca da cal. Na cobrança, os “milionários” contratados pela MSI nada fizeram e coube a Rafael Moura pegar a bola e bater praticamente no meio do gol, permitindo a defesa de Rogério Ceni. No rebote, Nilmar e Renato tentaram, mas pararam em Ceni e na zaga.
A situação foi um balde d’agua fria nas pretensões do Corinthians, que só voltou a ameaçar aos 29, com uma tabela de Rafael Moura e Nilmar, que finalizou e marcou, mas o assistente Luiz Quirino da Costa deu impedimento. Dois minutos depois, veio a esperança que o time precisava. Roger lançou precisamente, Nilmar ganhou na corrida de Alex e encobriu Rogério Ceni, que saía do gol.
Embalado, o alvinegro voltou a sonhar de vez aos 33, quando Mineiro foi expulso após falta em Mascherano. O time insistiu nos cruzamentos para a área, mas o São Paulo soube administrar a posse de bola e segurar a vitória, que praticamente tirou o rival da briga pelo título e manteve o Tricolor como concorrente mais próximo do Santos.