O algoz do Corinthians na última década voltou a aparecer na tarde deste domingo, no Pacaembu. Com dois gols de Eduardo, o São Caetano venceu por 2 a 1 e tirou da equipe alvinegra qualquer possibilidade de terminar a primeira fase do Campeonato Paulista em primeiro lugar. Jogo assistido em seus primeiros minutos por Adriano e Ronaldo.
O Timão, que poderia até garantir já a vantagem de ser mandante nas quartas de final, foi surpreendido com um gol de pênalti aos nove minutos do primeiro tempo, demorou a se encontrar e levou outro gol de Eduardo, aos dez minutos do segundo tempo. Até descontou no fim com chute de Paulinho, mas já era tarde.
O Corinthians terminará sua participação na fase de classificação, para se garantir entre os quatro primeiros colocados, contra o Santo André, no Estádio Bruno José Daniel. É a oportunidade de vencer a primeira depois de três partidas. Já o Azulão, forte na briga por uma vaga na próxima etapa do Estadual, enfrenta o Linense, no ABC.
O jogo – O São Caetano mostrou desde os primeiros minutos por que costuma ser um algoz do Corinthians. Mais do que um time marcador, o Azulão impôs velocidade em seu ataque e, desde a saída de bola, pressionou os mandantes no Pacaembu em seu campo, desarrumando toda a estratégia defensiva de Tite.
O técnico Ademir Fonseca abriu o atacante Antônio Flávio quase como um meia pela direita e surpreendeu com o armador Ailton solto para transitar por todo o campo e por onde quisesse depois do meio-campo, sempre com Eduardo como referência, centralizado, até para fazer o pivô para quem vinha de trás.
A pressão piorava porque os volantes do São Caetano se adiantavam, bloqueando a saída de bola corintiana já no círculo central. Sem ter o que fazer, o Timão passou a soltar a bola para Morais, único de seus armadores que se apresentava – Cachito Ramires sumiu.
Mas Morais, mesmo disposto, mostrou logo que estava em uma tarde para ser esquecida. Em um de seus muitos erros de passe, deixou o São Caetano com o campo aberto para trabalhar a bola com a velocidade que seu técnico mandou. Ela parou nos pés de Artur, que nem pôde correr muito na área até ser derrubado por Leandro Castán. Pênalti, que Eduardo converteu aos nove minutos.
A desvantagem no placar fez com que o Corinthians demorasse ainda mais para se encontrar em campo. O bloqueio à saída de bola facilitava o trabalho do trio de zagueiro do Azulão em afastar Willian e, principalmente, Liedson da área. Os mandantes só foram encontrar espaço pela lateral direita. Mas Moradei, volante improvisado, parava em sua própria falta de qualidade nos cruzamentos.
Mais tarde, os alvinegros perceberam que Artur não tinha boa cobertura e Fábio Santos poderia transitar por ali, mas ele também não estava em um bom dia para acertar seus passes. Tite resolveu solucionar parte do problema trocando Moradei por Moacir, mais acostumado à lateral direita.
Entretanto, como Ramírez só apareceu para perder chance com o gol vazio à frente e Morais não acertava quase nada, o São Caetano pôde abrir sua marcação para fechar as laterais e ainda colocar um dos atacantes ou Ailton para dificultar as subidas de Paulinho pelo meio, alternativa que mais teve alguma eficiência no Corinthians, que estava tão perdido que até Liedson cobrava lateral.
Tite voltou para o segundo tempo com Bruno César na vaga de Ramírez. Mudou totalmente o espírito da equipe. O meia que saiu da reserva era o armador que o Timão precisava, mexendo-se para aparecer principalmente pela esquerda, chutando ou cruzando e prendendo de vez o ala Artur, do Azulão, na defesa.
Quando Bruno César ia conseguindo cartões para seus marcadores e o Corinthians crescia, uma bola esticada para o ataque do São Caetano encontrou Eduardo e a confusa defesa alvinegra. Aos dez minutos, o atacante marcou seu segundo gol no jogo driblando Leandro Castán como quis e batendo com consciência na saída de Julio Cesar.
O Timão parecia nocauteado. A tempestade que caiu no Pacaembu piorou tudo. Mais uma vez, Tite mexeu, agora colocando Danilo na posição de Morais, que deixou o campo com poucos acertos apesar da vontade. Mas não foi a troca na armação que fez o Corinthians ir para cima.
Satisfeito com o 2 a 0, o Azulão já nem usava mais Ailton. O meia ficava no círculo central, enquanto Eduardo ficava na frente, prontos para um contra-ataque fatal. O resto da equipe nem chegava à intermediária defensiva. Estratégia que tornou-se letal, já que o Corinthians, na base da vontade, encontrou seu gol em chute de Paulinho que desviou em Augusto Recife aos 35 minutos do segundo tempo.
Foram mais de dez minutos de chutões de quem vestia azul, e correria e passes rápidos de quem estava de branco. No desespero de ambos, deu mais certo o do Azulão, que soube também montar um paredão que desviava todas as bolas que entravam em sua área, por cima ou por baixo.