No primeiro Majestoso do ano, o São Paulo venceu como centésimo gol de Rogério Ceni. No segundo, o Corinthians fez 5 a 0 com três gols de Liedson. No terceiro e último, nesta quarta-feira, não houve heróis nem gols, somente um 0 a 0 no Morumbi que deixa o caminho livre para o Vasco ratificar a liderança no Campeonato Brasileiro.
O ponto somado pelo Tricolor o iguala com o Vasco e o deixa em primeiro lugar por conta de saldo de gols, com o Timão em terceiro lugar com um a menos. A equipe carioca, entretanto, só depende de diante do Atlético-GO nesta quinta-feira, em São Januário, para abrir três pontos diante de dois adversários diretos.
Os dois grandes clubes paulistas que sem enfrentaram no Morumbi não fizeram por merecer mais. Após um primeiro tempo com domínio tricolor, com direito a bola na trave em cabeçada de Casemiro, ambas as equipes fizeram uma etapa final sem criatividade para balançar as redes.
A busca de ambos pelo primeiro lugar continua no fim de semana. No domingo, o São Paulo visita o Botafogo no Engenhão, enquanto o Corinthians recebe o Bahia.
O jogo – Única novidade da escalação de Adilson Batista, Dagoberto, artilheiro do São Paulo na temporada, pediu para que o São Paulo pressionasse o Corinthians desde o início. E foi exatamente o que se viu nos primeiros minutos do clássico, muito também por causa da defesa alvinegra.
Diante de um adversário com dois zagueiros reservas e outro improvisado na lateral esquerda, além de Alessandro confuso na lateral direita, o São Paulo só não atacou com Wellington, seus defensores e Rogério Ceni. Acuando o rival em seu campo de defesa, obrigando até Alex a recuar, trocava passes em velocidade e confundia ainda mais com a inversão de posição entre Lucas e Dagoberto. Um dos dois sempre ficava no mano a mano com Wallace ou Paulo André.
Com cinco minutos de partida, Julio Cesar já havia feito duas vezes complicadas, ambas com jogadas nas costas de Leandro Castán, que mostrou não ter cacoete de lateral e sempre ia marcar no miolo da área, deixando sempre Casemiro ou Piris livre na beirada do campo. Willian, nesta quarta-feira aberto pela esquerda, passou mais útil marcando Piris do que o contrário.
Para completar a festa da maioria são-paulina no Morumbi, Cícero ainda deu um chapéu em Alessandro. Lance que fez o Corinthians entender que não poderia só se defender no clássico. Emerson, que se virava como um meia para buscar a bola, fixou-se na direita e chamou Paulinho para ajudá-lo a ocupar o lado direito do ataque corintiano, até então vazio.
A novidade valeu logo um escanteio que Rogério Ceni desviou mal e quase terminou em gol de Emerson. O Timão, enfim, conseguia passar do meio-campo e, tentando prevalecer na posse de bola facilitada por erros dos anfitriões na saída da defesa, passou a trocar passes com tranquilidade. Mas não entendeu que, ao respirar, deu o que o Tricolor mais queria: espaço para contra-atacar.
Bastava um passe errado para que ao menos dois jogadores vestindo branco passassem nas costas de um que vestia preto. Aos 29 minutos, por contusão de Leandro Castán, o Corinthians teve dois laterais em campo com a entrada de Fábio Santos, mas isso não foi suficiente para diminuir a confusão defensiva dos comandados de Tite.
Wallace deixou o cenário claro ao deixar a bola nos pés de Dagoberto, aos 32 minutos. Sorte dele que Lucas, na sequência do lance, chutou fraco nas mãos de Julio Cesar. Mas a jogada acendeu o alerta nos colegas de meio-campo, que passaram a fazer faltas para evitar o perigoso mano a mano entre atacantes do São Paulo e zagueiros do Corinthians.
A medida, porém, também se virou contra o Timão. Todas essas infrações cometidas na intermediária eram oportunidades que Dagoberto queria para desequilibrar. Em uma delas, aos 43 minutos do primeiro tempo, o atacante colocou a bola na cabeça de Casemiro, que a desviou na trave. E o São Paulo assustava também escapando das faltas, como em jogada de Wellington pela esquerda que não terminou nas redes por má conclusão de Piris.
Cansado de ser só um coadjuvante em campo, Tite voltou do intervalo sem invenções. Além dos dois laterais e dois zagueiros em campo, abriu Willian pela direita, como está acostumado, Emerson na esquerda e liberou que Alessandro e Fábio Santos se alternassem nas subidas em jogo que deveria ter mais velocidade imposta por Alex.
O São Paulo, como em boa parte do primeiro tempo, apostou na concentração de seus defensores para atrair o adversário e contra-atacar. O problema é que não havia alguém que pensasse na armação das jogadas, que se limitavam a arrancadas de Lucas ou chutes ruins de longe. Como o Corinthians também tinha dificuldades para levar a bola a Alex, o clássico tornou-se uma partida de passes errados de uma intermediária a outra.
Machucado, Liedson saiu aos 19 minutos para a entrada de Danilo, que atuou aberto pela direita, com Willian como centroavante. Alteração que não adiantava nada com Alex pouco participativo. As únicas oportunidades alvinegras eram mesmo na movimentação de Emerson, mesmo acompanhado de perto por Wellington e Rodrigo Caio, substituto de Piris.
Para dar criatividade e renovar seu setor ofensivo, Adilson trocou Cícero e Dagoberto por Rivaldo e Marlos. Novidades insuficientes para mudar o cenário e o placar. O grito de gol até saiu no Morumbi em chute de Wellington que balançou as redes, pelo lado de fora, aos 39 minutos do segundo tempo. Uma miragem para um Majestoso tão frio quanto a noite paulistana.