O Corinthians está na final da Copa do Brasil pelo segundo ano consecutivo. A equipe comandada por Mano Menezes foi fria como o clima paulistano para empatar por 0 a 0 com o Vasco na noite desta quarta-feira, no Pacaembu, e confirmar a sua classificação para a decisão contra o Internacional.
Precisando de gols depois do empate por 1 a 1 no jogo de ida, no Maracanã, o Vasco pressionou um apático Corinthians durante a maior parte do tempo. Mas raramente conseguiu transformar o maior volume de jogo em oportunidades de gol. Quando muito, obrigou o goleiro Felipe a fazer boas defesas.
Restou ao Vasco se preocupar com a Série B do Campeonato Brasileiro. O time de Dorival Júnior retornará a campo já no sábado, para enfrentar o Paraná em São Januário. Pela Séria A, o Corinthians receberá o Coritiba no mesmo dia. Com o foco voltado para as finais dos dias 17 de junho e 1º de julho.
O jogo – O clima era de decisão na fria cidade de São Paulo. Nas ruas, havia acabado de anoitecer e torcedores do Corinthians já faziam carreatas em direção ao Pacaembu. A cantoria era ritmada por buzinas intermitentes e coreografada por bandeiras para fora das janelas dos veículos.
O estádio ficou cheio por volta de 21 horas. Na arquibancada visitante, a minoria de vascaínos provocava os corintianos com paródias para o atacante Ronaldo e o seu envolvimento com travestis. A maioria respondia com gritos de "Segunda Divisão", competição que o Corinthians disputou e ganhou no ano passado.
A euforia das duas partes aumentou quando as equipes subiram a campo. Pelo Corinthians, a novidade era a presença do zagueiro Diego no lugar do lateral esquerdo André Santos, convocado à seleção brasileira. Formação que tornou o Vasco ainda mais ofensivo, conforme prometera o técnico Dorival Júnior.
O ex-corintiano Carlos Alberto mostrou que continuava o mesmo dos tempos em que jogava como mandante no Pacaembu. Para atacar e polemizar. Logo em seu primeiro lance, o meia não aceitou uma jogada truculenta de Cristian e encarou o adversário. Recebeu vaias e ofensas como resposta.
Os torcedores, que já estavam em pé para reclamar de Carlos Alberto, encontraram um motivo para não sentar em seguida. Elias recebeu a bola de Dentinho, driblou a marcação e cruzou rasteiro para Ronaldo. O Fenômeno chutou por cima do gol. Foi a vez dos poucos vascaínos no estádio vaiarem.
Léo Lima, então, passou a dividir com Carlos Alberto a função de armar o ataque do Vasco. O meia que acha o contestado Souza melhor do que Ronaldo conseguia confundir a contenção corintiana. Quando era obstruído, chutava de longa distância. O titular de última hora Diego parecia confuso ao lado de William e Chicão.
Apesar da disposição dos times, foram poucas as chances de gol do primeiro tempo. A melhor do Vasco ocorreu aos 23 minutos, quando Paulo Sérgio cobrou escanteio e Elton cabeceou com precisão. Felipe espalmou para o alto, e os corintianos comemoraram como um gol. Novo entusiasmo só 10 minutos depois. Dentinho puxou contra-ataque perigoso, mas chutou fraco. Fernando Prass defendeu.
As escalações não foram alteradas no intervalo. A torcida do Corinthians queria, sim, uma mudança de postura da equipe. "Raça, Timão, você é tradição", cobrou no momento em que reviu os comandados de Mano Menezes em campo. Mas o Vasco atacou primeiro. Ramon driblou Chicão e foi travado ao finalizar a jogada.
O técnico Dorival Júnior não se satisfez com o maior volume de jogo do Vasco – afinal, o empate por 0 a 0 dava a classificação ao Corinthians. Substituiu Rodrigo Pimpão por Edgar. Mano Menezes também não demorou muito para mexer em sua equipe. Chamado de "burro" por alguns torcedores e aplaudido por outros, trocou Jorge Henrique por Boquita.
O panorama do jogo não mudou após as alterações. O Vasco enfrentava um Corinthians apático e atava mais. Mas Dorival Júnior entrou em ação outra vez. Sem Carlos Alberto, que cedeu lugar a Enrico, os visitantes perderam espaço no meio-campo. Seguiram-se um belo chapéu de Dentinho na lateral do campo e duas chances claras de gol do time da casa, em chutes fortes do atacante e de Boquita.
Otacílio Neto, Wellington Saci e Fernandinho participaram dos minutos finais da partida, nas vagas de Dentinho, Douglas e Léo Lima. Não sobrou alternativa ao Vasco senão pressionar o Corinthians. O nervosismo a cada ataque era capaz de fazer o mais agasalhado torcedor tremer no Pacaembu. O final, ou a final, foi feliz para os corintianos.