A torcida corintiana vibrava no Pacaembu com um domingo perfeito, principalmente porque o Flamengo somava só um ponto com o Figueirense em Santa Catarina. Mas, aos 40 minutos do segundo tempo, Rudnei transformou a pressão do Ceará em gol que estabeleceu um frustrante 2 a 2. O terceiro empate seguido dos paulistas, motivo até de algumas vaias.
Dono da partida no primeiro tempo, o Timão pensou ter definido o jogo antes do intervalo. Abriu o placar com Paulinho aos 25 minutos, bobeou ao levar gol de Osvaldo aos 29 e voltou a ficar na frente com um golaço de Alex, aos 30. O problema é que os nordestinos conseguiram acuar os anfitriões e, de tanto tentarem, igualaram com Rudnei.
O resultado deixa os comandados de Tite com 34 pontos, assim como o Flamengo, mas ainda na frente por ter mais vitórias, primeiro critério de desempate. Os alvinegros terão nova chance de fazer sua parte para ficar sozinho na ponta na próxima quarta-feira, ás 21h50 (de Brasília), em visita ao Atlético-MG. Já o Ceará, ainda longe da zona de rebaixamento, recebe o Grêmio no mesmo dia.
O jogo – Com Liedson de volta, mas no banco de reservas, Tite não inventou na formação tática e posicionou Willina como centroavante, deixando a armação com o canhoto Danilo, pela direita, Alex, no centro, e o destro Jorge Henrique. Mas a inversão de posicionamento não significava, como deve ter imaginado o Ceará, em cortes para dentro em busca do gol.
Ciente da principal força do Ceará, o Corinthians soube aproveitá-la. Vagner Mancini aposta tudo nas subidas de seus laterais, Egídio pela esquerda e, principalmente, Boiadeiro pela direita. Os nordestinos, contudo, não souberam se equilibrar e sofreram com os avanços dos anfitriões pelos dois lados.
O maior segredo corintiano para dominar a partida estava em Danilo. Se Jorge Henrique tinha sempre alguém para marcá-lo na subida à linha de fundo, o meia do outro lado, prendia a bola. Demorou para os visitantes entenderem a alternativa para que Paulinho aparecesse sempre como surpresa e ninguém o perseguindo nas costas de Egídio. Quando percebeu, deixou o meio livre para Willian receber livre de Paulinho e perder gol incrível, aos 12 minutos.
Perdido, até porque Rudnei não conseguia bloquear as subidas de Paulinho. O Ceará acalmou somente quando passou a fazer cera sempre que tinha a bola nos pés. Conseguiu diminuir o ritmo, irritar o adversário e até tentou se posicionar no ataque com troca de passes curta. Sinal de empolgação que custou caro.
Quando parecia anulado, o Timão deu o bote fatal da maneira que já vinha fazendo. Minutos após não prosseguir uma jogada porque o árbitro apontou impedimento, Paulinho voltou a receber livre na área pela direita, de Danilo, e chutou forte. Nem adiantou o goleiro Diego tocar na bola para evitar o placar aberto, aos 25 minutos.
O Vovô, então, teve que se mexer. Osvaldo, elogiado por Tite, só havia conseguido escapar da sombra de Ralf uma vez e parou nas mãos de Júlio César. Em desvantagem no placar, Boiadeiro parou de aceitar a marcação de Ramon, avançou para dar força ofensiva a um time que tinha apenas Roger na frente e, de tanto insistir em deixar a bola no ataque, ajudou Osvaldo a empatar aos 30 em falha de comunicação da defesa paulista.
A pequena pressão executada praticamente por um homem só, contudo, foi uma exceção. E o Corinthians tratou logo de mostrar isso com o jogador responsável por fazer a equipe rodar a bola para dominar o adversário. Menos de um minuto depois do gol cearense, Alex desempatou com um golaço, em chute forte e precisão no ângulo direito de Diego.
A supremacia estava demonstrada no placar, com menos de 60 segundos de desespero corintiano. A troca de passes envolvente e paciente dos comandados de Tite, avançando apenas quando encontrasse espaço, incomodava os nordestinos, que passaram a fazer falta na tentativa de ter a bola para lançar Osvaldo e seus laterais.
Na volta do intervalo, porém, o Ceará deixou de apostar apenas em um lançamento para mudar o jogo. Retornou com postura de equipe grande, avançou todos os seus atletas e impôs velocidade para acuar o Corinthians como costuma fazer em Fortaleza, ainda adaptando seus laterais a evitarem a congestionada linha de fundo, cruzando da intermediária.
O Timão chegou a ter todos os seus 11 atletas atrás do meio-campo, enquanto os visitantes deixavam somente um zagueiro na companhia do goleiro na defesa. Foi iniciado um bombardeio aéreo de todos os lados na área da equipe paulista, fazendo Tite pular de raiva em seu banco – ficou ainda mais irritado ao ter que improvisar Welder na lateral esquerda, já que Ramon, substituto de Fabio Santos, saiu de maca.
A sorte corintiana é que, neste domingo, Julio Cesar mostrou estar totalmente recuperado de lesão. Tanto saindo de sua meta quanto debaixo das traves, o goleiro defendeu todas as tentativas nordestinas, levantando uma torcida que comemorou ainda mais a entrada de Liedson, também recém-liberado pelos médicos, na vaga de Willian.
Com o camisa 9, o Corinthians tinha para quem lançar. De tanta ligação direta em direção a Liedson, a bola começou a ficar mais no ataque e Alex e Danilo, que sumiram em meio à pressão cearense, voltaram à partida,a te porque inverteram, com Alex na esquerda, Danilo no meio e Jorge Henrique na direita.
Mas o terceiro gol não saiu. E o Ceará não deixou de atacar, colocando ainda mais gente em seu setor ofensivo. De tanto tentar, chegou a balançar as redes com Marcelo Nicácio, em lance anulado por impedimento. Aos 40 minutos, porém, a festa corintiana teve fim com o bate-rebate que Rudnei concluiu dentro da meta.