Seleção mais velha entre as 32 participantes da Copa do Mundo, a França contou com a experiência de seus principais jogadores para chegar à tão sonhada decisão do título. Contando com uma dedicação tática impecável e com o talento de craques como Zinedine Zidane e Thierry Henry, os franceses apagaram a má campanha na primeira fase e passaram com certa tranqüilidade pelos adversários das fases eliminatórias.
A vítima desta quarta-feira foi Portugal. O algoz, Zidane. O roteiro foi semelhante ao que foi visto contra o Brasil. Os comandados de Raymond Domenech mais uma vez mostraram-se muito aplicados taticamente e a todo momento marcavam com duas linhas de quatro, encaixotando o adversário. Com a bola nos pés, Zidane era a referência e Ribery, Henry e Malouda se encarregavam de levar correria à zaga adversária.
O técnico de Portugal, Luiz Felipe Scolari, não abriu mão de uma marcação especial sobre Zidane, mas Costinha acompanhava o maestro à distância e permitia que a bola passasse por seus pés na maioria das jogadas ofensivas do adversário.
A França começou mais ofensiva e deu o cartão de visitas logo a um minuto de jogo, com Malouda arriscando para fora. Portugal, por sua vez, procurou explorar os espaços deixados pelo adversário e aparecia com mais perigo – antes dos dez minutos, Deco e Maniche assustaram Barthez.
A partir de então, os portugueses se soltaram mais e mantinham a posse de bola por mais tempo. No entanto, os comandados de Felipão encontravam dificuldades para penetrar a zaga francesa e tinha de arriscar em chutes de longa distância.
Quando Portugal já tinha equilibrado a partida, o craque fez a diferença. Henry recebeu passe na entrada da área, pelo lado esquerdo, e deu um corte seco no zagueiro Ricardo Carvalho, que acabou derrubando o rival. O lance gerou protestos no banco português e deixou Felipão ensandecido. Zidane tomou pouca distância e bateu no canto direito de Ricardo, convertendo a penalidade e marcando seu segundo gol na Copa do Mundo.
Os franceses, então, procuraram usar mais as laterais do campo, sobretudo à esquerda com Henry, mas Miguel fazia uma boa cobertura no setor. Pelo lado português, Cristiano Ronaldo aparecia como principal alternativa. O jogador, inclusive, reclamou de pênalti em uma disputa de bola pelo alto com Sagnol.
Na segunda etapa, Ronaldo voltou como o mais aceso dos portugueses. Mas, do outro lado, tinha Henry. O atacante francês quase ampliou aos dois minutos depois de bela jogada individual pela esquerda e um chute cruzado, que Ricardo defendeu e a bola não entrou por pouco.
Na seqüência, Zidane dominou do meio de campo, pedalou e ajeitou para Ribery arriscar de fora da área, exigindo nova intervenção do goleiro português. A França, como no primeiro tempo, iniciava a etapa com mais intensidade.
Aos sete minutos, no entanto, quem levou perigo foi Portugal, com Pauleta chutando na rede pelo lado de fora. A essa altura, os portugueses já se recuperavam do susto do início e começavam a impor o ritmo. Mas faltava definição nos lances. E a situação piorou aos 15 minutos com a contusão de Miguel, que torceu o joelho e foi substituído por Paulo Ferreira.
Durante pelo menos dez minutos, o jogo parecia um treino de ataque contra defesa. Com a vantagem no placar, os franceses marcavam atrás do meio-de-campo, procurando anular as jogadas do adversário à espera de um contra-ataque. Já os portugueses não encontravam espaço nem para chutar de fora da área.
Aos 22, Felipão buscou mais movimentação ao tirar Pauleta e colocar o rápido Simão Sabrosa em campo. Domenech também mexeu, visando manter o mesmo ritmo – saíram Malouda e Ribery e entraram Wiltord e Govou. E a 15 minutos do fim, o técnico brasileiro sacou Costinha e arriscou no ataque, com Helder Postiga.
A grande chance portuguesa no jogo surgiu com Figo, aos 32. Ronaldo cobrou falta forte, no meio do gol, e Barthez bateu roupa. A bola subiu, mas Figo, dentro da pequena área, desperdiçou o rebote cabeceando para fora.
A partir de então, Portugal lutava contra a defesa francesa e o desgaste físico em busca do empate. Até o goleiro arriscou subir à area, mas tudo foi em vão. A última partida de Zidane como profissional será na final da Copa, contra a Itália, e Felipão conheceu sua primeira derrota em 13 partidas de Mundial. Portugueses e alemães disputam o terceiro lugar.