Pedro Smania, coordenador geral de base do Cuiabá, falou ao Só Notícias sobre a primeira temporada a frente da base do Dourado. Após cinco anos vitoriosos comandando a base do São Paulo, Smania acertou sua chegada ao Cuiabá em março e, desde então, vem reformulando o trabalho na formação de atletas na única equipe mato-grossense na elite do futebol brasileiro. O profissional detalhou sobre a realidade diferente do Estado com os grandes centros no país.
“A base do Cuiabá era quase amadora e iniciamos um processo de profissionalização em todos os setores, trazendo profissionais na área chave para quem pensa em formação de atletas. Mudança de cultura de jogo e do futebol, pois eu percebi aqui em Mato Grosso uma cultura na base muito distante da realidade nacional de alto nível. Esse é o grande trabalho a ser feito”, explicou Pedro, ao Só Notícias.
Smania ressaltou que o trabalho de base precisa ser aprimorado fora de campo, além de destacar que o interesse principal é a formação de atletas para o profissional. “Primeiro é ter recursos humanos, pessoas capacitadas para fazer isso acontecer em todos os setores da base. Isso é trabalhado e demanda tempo para mudança da cultura da região e dos atletas que para cá vem. Falo isso até em virtude do jogo em si (Sinop x Cuiabá no Sub-17). Tratamos a base como formação e, é claro que a gente quer ser campeão em tudo que disputa, tenho inúmeros título na base, mas o que mais conta é como que estamos trabalhando no processo de formação”, disse.
“Temos que avaliar base diferente de como avaliamos o profissional. O futebol profissional a gente avalia quantos foi, e na base é como foi. Esse jogo em especial da final, eu não gostei, até da maneira como nós fizemos os gols, que não é a maneira como eu acredito no futebol de base, colocando bola na área a qualquer custo e a todo preço”, desabafou, após a derrota do Cuiabá por 3×2 para o Sport Sinop, no agregado, na final do Mato-grossense Sub-17.
Durante o período no São Paulo, o clube revelou atletas como David Neres e Antony, ambos vendidos ao Ajax, além de Gabriel Sara vendido ao futebol Inglês. Além de impulsionar o caixa do clube paulista, diversos atletas do atual elenco saíram da base do clube. Agora em Mato Grosso, Smania avaliou que o trabalho de categorias de base no Estado ainda é insuficiente.
“Futebol precisa evoluir não só no Cuiabá como no Estado pare que a gente possa pensar em um futebol de verdade, onde a gente consiga criar atletas e pessoas para que possam atuar em alto nível, sem precisar sair do Mato Grosso. Os atletas que eu tratei de Mato Grosso como Walce e Brenner no São Paulo saíram muito cedo daqui e tiveram uma cultura de futebol modificada no São Paulo, que acho que aqui não é impossível de fazer, mas demanda tempo. Gostaria muito que o futebol de base do Mato Grosso e a Federação de Futebol acreditasse nesse futebol de formação”, concluiu.