“Já tem gente me mandando de volta para a China. E eles têm razão”, afirmou Cuca, em breve momento no qual se permitiu bom humor após a derrota por 2 a 1 do Palmeiras para o Audax. Foi o segundo resultado negativo em dois jogos com o treinador – cujo emprego anterior foi no chinês Shandong Luneng –, que vê muito trabalho pela frente.
“Quanto tem que evoluir?”, disse o paranaense, franzindo a sobrancelha e repetindo a pergunta que lhe foi feita. Ele acabou dando uma resposta longa, apontando que conhecerá melhor o elenco com o tempo e não hesitará em pedir reforços se julgar necessário. Ao fim de sua linha de raciocínio, acabou resumindo o pensamento. “Tem que mudar tudo. O que tem que mudar é tudo.”
Após uma semana de trabalho, Cuca tem um time em crise técnica e em situação complicada nas competições que disputa. A derrota por 1 a 0 para o Nacional, no Uruguai, na última quarta-feira, deixou o Palmeiras na terceira posição do Grupo 2. Não vencer o Rosario Central, na Argentina, no próximo dia 6, poderá até definir a eliminação com uma rodada de antecedência.
A expectativa do treinador é conseguir uma evolução considerável até lá. Antes do confronto decisivo em Rosário, o time alviverde tem embates com Red Bull, Água Santa, Rio Claro e Corinthians no Campeonato Paulista. Embora lidere sua chave no Estadual, ela está embolada, e a classificação às quartas de final está longe de ser garantida.
“Temos uma sequência de jogos duros até a partida contra o Rosario. Ainda temos uma chance, e acho que depende praticamente de nós. Se vencermos os dois jogos, por mais difícil que seja o primeiro, podemos nos classificar”, afirmou Cuca, lembrando que a campanha na fase de grupos terminará em casa, contra o River Plate uruguaio.
Na tentativa de conquistar o difícil objetivo, o técnico sabe qual será o primeiro passo: cobrança interna. Ele disse ter assumido a responsabilidade pelas derrotas antes de explicar que não é bem assim. “Aqui, é uma coisa. Lá dentro, é outra. Com cobrança, mas com calma para não perder o que a gente tem de bom.”
Está difícil para os torcedores que sugeriram a volta à China enxergar o que há de bom. O técnico já sabe o que há a de ruim. “A atitude tem que mudar, a atitude de ir 70%, 80% em uma jogada. Tem que ir 100%. Tivemos atitude no segundo tempo no Uruguai, tivemos no segundo tempo contra o Audax. Mas tem que ser desde o primeiro minuto.”
Só atitude não resolve. E o comandante não demorou a perceber um problema que vem acompanhando o Palmeiras. Não há um meia de grande qualidade para articular as jogadas. E a transição da defesa para o meio também irritou o paranaense a ponto de ele criticar o trabalho de Gabriel na última partida. Voltaram os velhos chutões muito contestados nos tempos de Marcelo Oliveira.
“Vocês sabem disso bem melhor do que eu. Não adianta chover no molhado”, disse, referindo-se à carência de armadores. “Tenho que achar a solução dentro do que a gente tem. É difícil. Não quero dar desculpa de nada, mas cheguei na segunda, e jogamos na quinta e no domingo. Com uma sequência de jogos, a evolução tende a existir”, concluiu Cuca.