O São Paulo já contratou Sidão, Wellington Nem, Neilton e Cícero para a próxima temporada. Todos tiveram o aval de Rogério Ceni, mas, só o último já fez o novo técnico se meter em uma grande confusão. Por causa de Cícero, Ceni se desentendeu com Ney Franco, então treinador são-paulino em 2012. Tudo porque o ex-goleiro queria Cícero no time e Ney preferiu deixar o meia no banco de reservas. Agora, com o poder de pôr e tirar quem bem entender, Rogério Ceni fez questão de ir atrás de Cícero novamente.
Na ocasião, Rogério Ceni ainda defendia o gol tricolor e estava preocupado com a pressão que os equatorianos da LDU de Loja estavam exercendo em pleno Morumbi. O confronto valia vaga nas quartas de final da Copa Sul-americana. Apesar de todos os gestos e gritos de Rogério Ceni em meio ao jogo, Ney Franco optou por sacar Ademilson e colocar Willian José, que vivia uma fase de perseguição por parte de alguns torcedores.
“Não aprovo. É cada um na sua, fazendo sua função. Se eu achasse que o Cícero é quem deveria entrar, eu o colocaria normalmente, mas não aprovo”, esbravejou Ney Franco na entrevista coletiva logo após a partida. Apesar da classificação com o empate sem gols, o comandante ainda prometeu levar o assunto adiante no clube.
Mas, no dia seguinte, apesar do clima nada amistoso entre capitão e técnico, Ceni fez questão de tentar colocar panos quentes na situação. Nunca foi segredo para quem convivia no São Paulo que o goleiro não gostava dos métodos de Ney Franco, mas preservar o ambiente era fundamental.
“Para mim, não aconteceu absolutamente nada. Nem prestei atenção que estavam com câmera filmando. Não tem problema nenhum com o Ney, uma pessoa pelo qual tenho carinho, uma pessoa nota dez. Não tem nada de errado. São lances do jogo, você sente a partida. Ele fez a modificação (em vez de Cícero, optou por Willian José). Ele é o treinador, ele é quem escolhe quem entra e quem sai”, disse Ceni, à época.
“Aqui todo mundo quer vencer, e o ambiente é super bom. Eu adoro o Ney, um cara fantástico. Acredito que o método de trabalho dele agrade à maioria, a mim ao menos agrada”, completou.
A discussão repercutiu tanto nos noticiários que até mesmo Leão, que já havia sido treinador do São Paulo e, consequentemente de Rogério Ceni, se manifestou. Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, o também ex-goleiro defendeu Ney Franco.
“Gostaria de dar os parabéns para o treinador do São Paulo pelas palavras. Ele está correto”, afirmou logo após ser demitido pelo São Caetano. “O futebol de hoje está esquisito, tem muito clube em que não é o treinador que manda. Hoje é o rabo que balança o cachorro”, ironizou.
No fim, aquela Copa Sul-Americana terminou com o título do São Paulo no histórico jogo que acabou no intervalo por causa de uma grande confusão nos vestiários. A taça encerrou um jejum de quatro anos sem conquistas do Tricolor e hoje em dia também marca o último campeonato vencido pelo São Paulo.
Mas vale lembrar que em 2010 Rogério Ceni já havia dado seu pitaco a um treinador durante uma partida do São Paulo. Sergio Baresi era um interino no banco de reservas e acabou atendendo o pedido do seu capitão ao colocar Cléber Santana no lugar de Marcelinho durante a vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-GO, no Morumbi, pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro. Após a partida, porém, Baresi negou que tivesse feito a troca por causa de Ceni, que contemporizou dizendo que só havia pedido para Cléber Santana aquecer por imaginar que ele pudesse entrar.