Apelidado de ‘Barão’ do futebol de Mato Grosso, Carlos Orione acabou cedendo a pressão do movimento de oito presidentes de clubes pela sua renúncia ao cargo de presidente da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF). Em uma reunião convocada de última hora na sede da entidade, na última quarta-feira, o dirigente deu a garantia de que abrirá mão de pouco mais de um ano de mandato para abrir espaço a um dos seus quatro vice-presidentes – João Carlos Oliveira, Helmute Lawisch, Francisco Marino e Luiz Wellington.
Já sem dispor de muita saúde para despachar diariamente na federação, inclusive se locomovendo em uma cadeira de rodas, Orione se comprometeu em entregar na próxima segunda-feira (1º de fevereiro) a carta de sua saída. Antes, ele fará uma consulta jurídica para saber como se dará apenas sua retirada. A estratégia é armar um cenário para que um de seus vice-presidentes tenha condição legal de assumir o cargo até ao término do atual mandato, que se estenderá até maio de 2017.
Acompanhando o veterano dirigente desde década de 80, o ex-jogador do Clube Esportivo Operário Várzea-grandense e hoje empresário no ramo de material esportivo João Carlos Oliveira é o mais indicado para sucessão nesse período. Inclusive, Oliveira é o mais velho em idade dos quatro vice-presidentes, quesito que também pode pesar, seguindo o estatuto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que se utilizou dessa brecha para nomear Coronel Nunes como presidente em substituição ao titular Marco Polo Del Nero, que é investigado pela FBI em esquema de corrupção na Fifa.
Até maio de 2017, clubes da Primeira, Segunda Divisão e mais as ligas municipais vão tentar encontrar um nome de consenso para comandar a FMF para os próximos quatro anos. Mas também não é descartado a possibilidade de se ter uma eleição, uma vez que João Carlos Oliveira, hoje no cargo como presidente interino e Helmute Lawisch, presidente do Luverdense, já se colocaram como pré-candidatos para concorrer o cargo ocupado por Carlos Orione por quase 40 anos consecutivos.
Já algum tempo, Orione já demonstrava cansaço físico em função de seu estado de saúde debilitado. Em 2001, o dirigente passou por uma cirurgia de ponte de safena. Sua última reeleição ocorreu em 2013, com o argumento de que os 27 presidentes das federações teriam os mandados estendidos em função da realização da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. No ano do Mundial, o ‘Barão’ praticamente ficou de fora dos eventos realizados ao torneio em Cuiabá.
Apontado como um homem inteligente e articulado politicamente, Carlos Orione foi um dos responsáveis pela escolha da capital mato-grossense ser uma das 12 sedes brasileiras a receber a Copa do Mundo. Ele até hoje goza de prestígio junto a diretoria da CBF. Procurado para comentar o assunto, João Carlos Oliveira se restringiu a dizer que ‘não sabia de nada’ sobre a eventual saída de Orione do cenário futebolístico. O ‘Barão’ já não dá mais entrevistas.