Dono da pole-position no GP da Austrália, Jenson Button confirmou o favoritismo da Brawn GP e venceu a etapa de abertura da temporada 2009 da Fórmula 1. É a primeira vitória do piloto inglês desde a prova da Hungria, em 2006, até então o único êxito dele na principal categoria do automobilismo mundial.
Button dominou a disputa deste domingo de ponta a ponta, não sendo ameaçado pelos rivais em nenhum momento sequer. O segundo lugar ficou com o brasileiro Rubens Barrichello, beneficiado por uma colisão entre Sebastian Vettel e Robert Kubica na penúltima volta.
Conhecido pela ousadia, Kubica se deu mal ao tentar ganhar o segundo lugar do jovem alemão, que também tem a fama de ser um piloto agressivo. Com isso, o safety car entrou na pista e deu o tom dos metros finais da prova, que terminou com uma improvável dobradinha da Brawn GP.
Improvável porque o domingo não foi nada fácil para Rubinho. Segundo colocado no grid de largada, o veterano largou muito mal e caiu para o sétimo lugar. Tentando uma prova de recuperação, ele estava conformado com a quarta posição, após uma bela ultrapassagem sobre Nico Rosberg na volta 53. Executada a manobra, Barrichello tinha mais de 20 segundos de desvantagem com relação ao polonês da BMW Sauber, mas acabou contando com a sorte para subir ao pódio.
O dia não foi nada bom para os outros dois pilotos brasileiros, Felipe Massa e Nelsinho Piquet. Enquanto o vice-campeão mundial abandonou na volta 45 devido a problemas mecânicos em sua Ferrari, o jovem da Renault foi parar na caixa de brita da 24ª passagem ao perder os freios quando tentava ultrapassar Nico Rosberg.
A última vez que uma equipe fez uma dobradinha em sua corrida de estreia foi no GP da França de 1954, quando a Mercedes Benz colocou o lendário argentino Juan Manuel Fangio em primeiro, seguido pelo alemão Karl King. O feito da Brawn é ainda mais impressionante quando se leva em conta o fato de que, um mês atrás, o time sequer existia oficialmente.
A Brawn é, na verdade, a continuação da Honda, que deixou a Fórmula 1 no final do ano passado devido à crise financeira internacional. Meses de indefinição se seguiram até que Ross Brawn, que fez fama ao ajudar Michael Schumacher a dominar a categoria no começo da década, conseguiu assumir o controle do time.
A equipe, entretanto, não parou nestes meses e já trabalhava no novo carro desde a metade de 2008, quando chegou-se à conclusão que o bólido daquela temporada não eram bom. O resultado foi visto neste domingo para delírio dos fãs das chamadas “equipes garagistas”.
A terceira posição neste domingo ficou com o até então queridinho da torcida inglesa, Lewis Hamilton, campeão da última temporada, beneficiado por uma punição imposta a Jarno Trulli, terceiro colocado na pista. Em quarto lugar apareceu o alemão Timo Glock, seguido por Fernando Alonso e Nico Rosberg. Estreante, o suíço Sébastien Buemi somou seus primeiros pontos na categoria com o sétimo lugar, seguido pelo companheiro de Toro Rosso, Sébastien Bourdais.
A Fórmula 1 segue no próximo domingo, com a realização do GP da Malásia a partir das 6 horas da manhã (horário de Brasília).
A corrida – Quando foram acesas as luzes verdes no circuito de Albert Park, Rubens Barrichello pareceu estar dormindo, sincronizado com o fuso horário de Brasília. Com dificuldades na largada, o brasileiro perdeu nada menos que cinco posições, além de ter sofrido um toque que danificou a sua asa dianteira.
Por outro lado, quem se deu bem foi Felipe Massa. Em uma demonstração da utilidade do KERS, ele pulou do sexto para o terceiro lugar, atrás apenas do alemão Sebastian Vettel e de Jenson Button, que logo passaram a se distanciar nas duas primeiras colocações.
Apontado como um dos pilotos mais talentosos do grid, Vettel aproveitou-se do fato de seu carro estar leve para cravar volta rápida atrás de volta rápida. Ainda assim, ele não era capaz de superar o excelente rendimento do carro de Button, que conseguia manter uma média de quatro segundos de vantagem.
O primeiro erro estratégico da Ferrari no ano não demorou a acontecer. Na décima volta, Kimi Raikkonen entrou nos boxes para substituir os pneus moles pelos compostos duros, já que ele havia sido ultrapassado por Nico Rosberg e Rubens Barrichello com relativa facilidade. Duas voltas depois, bastante pressionado pelo alemão da Williams, Massa fez o mesmo.
Vettel também foi prejudicado por um lento pit stop na Red Bull, mas tanto ele quanto os ferraristas viram o prejuízo ser minimizado com a entrada do safety car na 20ª passagem, duas depois daquela na qual o japonês Kazuki Najima bateu entre as curvas três e quatro, ao perder a traseira.
Foi então que o grid inteiro aproveitou para entrar nos boxes, incluindo Barrichello, que trocou o bico do seu bólido. Dono de uma boa vantagem, Button ainda conseguiu voltar na liderança, mesmo parando para reabastecer. Felipe Massa, por sua vez, voltou para o terceiro lugar, enquanto Nelsinho passou para a sétima colocação.
O piloto da Renault, no entanto, viu sua boa corrida acabar logo na saída do carro de segurança da pista, na volta 24. O brasileiro tentou partir para cima de Nico Rosberg, mas teve um problema no seu freio e foi parar na caixa de brita da curva um.
Na 32ª volta, Felipe Massa entrou nos boxes para sua segunda parada e caiu para o 14º lugar. Porém, a estratégia de conseguir ganhar posições com a parada dos outros competidores não deu certo devido ao baixo rendimento de sua Ferrari. Na volta 45, para piorar, seu carro apresentou problemas mecânicos e ele foi obrigado e recolher o monoposto à garagem.
Na dianteira, Vettel fez sua segunda parada na 46ª volta e ainda assim manteve a posição. De volta aos boxes para rebastecer, Rubinho perdeu duas posições, mas logo assumiu o quarto lugar após uma bela ultrapassagem sobre Nico Rosberg. Apesar disso, ele não tinha chances de chegar ao pódio em condições normais de corrida, pois estava cerca de 20 segundos distante de Robert Kubica.
Mas foi aí que Barrichello contou com a sorte e a trapalhada alheia. Na penúltima volta, o polonês da BMW Sauber partiu para cima de Vettel e os dois acabaram colidindo. O piloto da Red Bull ainda tentou seguir na pista, mas com a asa dianteira danificada não teve condições de continuar. Para fins estatíticos, no entanto, ele terminou em 14º lugar, uma posição à frente de Kubica.
O safty car então entrou na pista e conduziu o final da prova. A confusão foi tão grande que poucos viram ainda o abandono de Kimi Raikkonen, culiminando em um duplo abandono para a Ferrari, atual campeã dos Construtores, no começo de 2009.
Confira o resultado final do GP da Austrália:
1: Jenson Button (ING/Brawn GP) – 58 voltas
2: Rubens Barrichello (BRA/Brawn GP) – a 0s8
3: Lewis Hamilton (ING/McLaren) – a 2s9
4: Timo Glock (ALE/Toyota) – a 4s4
5: Fernando Alonso (ESP/Renault) – a 4s8
6: Nico Rosberg (ALE/Williams) – a 5s7
7: Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso) – a 6s0
8: Sébastien Bourdais (FRA/Toro Rosso) – a 6s2
9: Adrian Sutil (ALE/Force India) – a 6s3
10: Nick Heidfeld (ALE/BMW Sauber) – a 7s0
11: Giancarlo Fisichella (ITA/Force India) – a 7s3
12: Jarno Trulli (ITA/Toyota) – a 26s6*
13: Mark Webber (AUS/Red Bull) – a uma volta
14: Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) – a duas voltas
15: Robert Kubica (POL/BMW Sauber) – a três voltas
16: Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari) – a três voltas