Está restabelecida a normalidade dos confrontos entre Brasil e Venezuela. Neste domingo de Dia das Crianças, a equipe de Dunga se vingou da inédita derrota para o adversário, por 2 a 0, em amistoso realizado em junho nos Estados Unidos. Com uma vitória por 4 a 0 (Kaká, Robinho [2] e Adriano marcaram os gols) em San Cristóbal, a seleção brasileira ainda ganhou de presente a vice-liderança das Eliminatórias para a Copa do Mundo.
O Brasil se igualou à Argentina na tabela de classificação, com 16 pontos ganhos, porém tem maior saldo de gols – o líder é o Paraguai, que totaliza 20 e segue inalcançável pelo menos na próxima rodada. Já a Venezuela, derrotada pela quarta vez seguida nas Eliminatórias, está na penúltima colocação com os mesmos 7 pontos do lanterna Peru.
Brasil e Venezuela voltarão a campo na quarta-feira, quando enfrentarão Colômbia e Equador, respectivamente. Para a partida no Maracanã, o técnico Dunga não contará com o centroavante Adriano, que recebeu mais um cartão amarelo neste domingo. Alexandre Pato (sequer foi reserva neste sábado) e Jô são as opções para o ataque.
O jogo – Provavelmente pela primeira vez na história, os venezuelanos realmente acreditavam que poderiam vencer o Brasil. O clima era de euforia nas arquibancadas do estádio Monumental de Pueblo Novo. Houve quem obrigasse torcedores com camisas amarelas a tirá-las, ameaçados por palavrões e arremessos de copos plásticos. Mal foi possível ouvir a execução do Hino Nacional Brasileiro.
Os jogadores da Venezuela partilhavam do entusiasmo. A equipe dirigida por César Farías era ousada em campo, pressionando os visitantes. Melhor para o Brasil. Com espaços para o contra-ataque, Kaká foi acionado aos cinco minutos na ponta direita. Avançou, invadiu a área, clareou e chutou forte: 1 a 0, na primeira boa jogada do meia após quase um ano afastado da seleção brasileira.
Robinho não deixou por menos. Quatro minutos depois, quando a Venezuela ainda se recuperava do primeiro gol, o atacante do Manchester City acertou uma bela finalização de longa distância no ângulo. Ampliou o marcador e ultrapassou Kaká como artilheiro do Brasil sob o comando de Dunga.
Adriano era o único jogador ofensivo da seleção brasileira que ainda não havia aproveitado a fragilidade da defesa adversária. Até os 18 minutos, quando Elano recebeu a bola na esquerda e cruzou rasteiro para o Imperador completar para as redes: 3 a 0. Placar natural em confrontos anteriores com os venezuelanos, desta vez parecia surpreendente.
A torcida da Venezuela, no entanto, não se abalou. Continuou a cantar nas arquibancadas, a vaiar a troca de passes do Brasil (que diminuiu o ritmo) e até a provocar quando Elano não conseguiu dominar a bola na lateral esquerda e caiu sentado no gramado. Os comandados de César Farías também retomaram o ímpeto inicial. Com a categoria de um brasileiro, Alejandro Guerra aplicou um elástico sobre Maicon. Mas não chegou a incomodar o goleiro Júlio César.
A tranqüilidade era tamanha que Dunga resolveu poupar o zagueiro Juan do segundo tempo. Colocou Thiago Silva em campo. Finalmente, porém, a defesa do Brasil passou a ser exigida. O goleiro Júlio César se saiu bem, com duas intervenções seguidas à queima-roupa em cabeçada e chute de Giancarlo Maldonado. O mesmo venezuelano obrigou o brasileiro a espalmar uma conclusão forte na seqüência.
Mas a paciência dos torcedores locais já havia se esgotado. Antes otimistas, agora eles se revoltavam ao ver César Farías trocar Ronald Vargas por Luis Manuel Seijas. A tarde era mesmo brasileira. Até o criticado lateral-esquerdo Kleber, que reconhece atravessar uma das piores fases na carreira, conseguiu fazer um lançamento primoroso aos 21 minutos. Livre de marcação dentro da área, Robinho transformou a vitória em goleada: 4 a 0.
Nos minutos finais, o Brasil novamente diminuiu o ritmo. Dunga aproveitou para observar pela primeira vez Alex, do Internacional, e Mancini, que substituíram Kaká e Josué. Os venezuelanos, então, passaram a acompanhar com gritos de “olé” a troca de passes da seleção pentacampeã mundial.