É verdade que o Brasil levou sufoco no final do primeiro tempo e só matou o jogo com um gol impedido. Porém, nesta terça-feira, os brasileiros mostraram que continuam merecendo o status de “mestres do futebol” depois da vitória em cima de Gana, por 3 a 0 (Ronaldo, Adriano e Zé Roberto), que garantiu a classificação para as quartas-de-final da Copa do Mundo. O próximo adversário será a França.
Parreira, que era chamado de “Professor Carlos” em Gana, onde foi ensinar futebol aos africanos no final da década de 60, mostrou que ainda tem condições de dar lições de futebol. O Brasil, no entanto, ainda não encantou nesta Copa e continuou mostrando problemas de movimentação no ataque e, às vezes, falta de criatividade no meio-campo.
Mesmo assim, o Brasil segue crescendo na competição e batendo mais recordes. Ronaldo se isolou como o maior artilheiro da história das Copas (15 gols) e Adriano marcou o gol número 200 do Brasil em Copas.
O dia foi especial também para o capitão Cafu. Ele se tornou o brasileiro que mais atuou em Copas do Mundo (19 jogos superando Dunga e Taffarel) e se tornou o jogador com mais vitórias obtidas em Mundiais: 16, uma a mais do que os alemães Matthaus e Overath.
A seleção brasileira ainda ampliou seu recorde de vitórias consecutivas em Copas do Mundo. Este foi o 11º triunfo seguido. A antiga série era da Itália (sete vitórias entre 1934 e 1938)
O jogo começou como todos esperavam: o Brasil valorizando a posse de bola e Gana saindo nos contra-ataques rápidos. A qualidade da seleção de Parreira, porém, foi decisiva antes até do que o mais otimista torcedor poderia imaginar.
Aos 5 minutos, Kaká enfiou uma bola para Ronaldo, que, livre, partiu para cima do goleiro Kingson, deixou o ganense caído com uma pedalada e abriu o placar.
Gana se perdeu após o gol e fez valer a fama de time mais violento do Mundial. O Brasil teve chance de matar o jogo. Adriano pediu pênalti, mas levou cartão amarelo por se atirar na área.
Aos poucos, Gana foi reagindo e chegou com perigo. O Brasil pecava novamente com a falta de movimentação de seu ataque, mas a defesa adversária, que marcava em linha, facilitava muito as enfiadas de bola dos meio-campistas.
Gana só não empatou o jogo porque seus atacantes não tinham tanta qualidade e se afobavam nas finalizações. Dida salvou o Brasil com os pés, após cabeçada de Mensah.
Nos acréscimos, em jogada começada por Lúcio, a bola passou por Kaká e Cafu, o segundo gol brasileiro surgiu. Após cruzamento da direita, Adriano, impedido, fez 2 a 0, deixando os jogadores ganenses indignados e provocando vaias da torcida em Westfalenstadion.
No segundo tempo, com Gilberto Silva no lugar de Emerson, que sentiu contusão, o Brasil seguiu sendo atacado por Gana. Os africanos, no entanto, não conseguiram acertar as finalizações.
Como boa parte da torcida vinha pedindo, Parreira decidiu sacar Adriano para escalar Juninho Pernambucano. Com a alteração, o time ficou mais estável no meio-campo, mas seguiu inoperante no ataque.
Ronaldinho Gaúcho mais uma vez ficou devendo futebol. Mesmo assim, Parreira preferiu poupar Kaká e escalar Ricardinho. Asamoah Gyan foi expulso.
Aos 39 minutos, em seu primeiro lance, Ricardinho lançou Zé Roberto com precisão. O camisa 11 driblou o goleiro e definiu o placar.
Cafu teve chance de marcar, mas finalizou mal. Ricardinho enfiou de calcanhar para Juan, mas a bola também não entrou no chute do zagueiro.
Não existe mais ninguém na frente de Ronaldo. O camisa nove da seleção brasileira tornou-se, nesta terça-feira, o maior artilheiro da história das Copas do Mundo ao marcar o primeiro gol do Brasil na vitória por 3 a 0 sobre Gana, pelas oitavas-de-final do Mundial da Alemanha.
O gol saiu logo no início do jogo, aos cinco minutos, mas serviu para isolar Ronaldo na ponta da lista. Agora, o camisa nove tem 15 gols, um a mais que o alemão Gerd Muller, dono da marca desde 1974.
Ronaldo foi convocado para uma Copa do Mundo pela primeira vez em 1994, com apenas 17 anos. O jogador do Cruzeiro não chegou a entrar em jogo algum, mas fez parte do plantel tetracampeão do mundo. Quatro anos depois, na França, o atacante marcou quatro gols, mas o mal-explicado problema na final contra os donos da casa acabou marcando negativamente o atleta.
A redenção veio em 2002, na Coréia do Sul e no Japão. Depois de mais de dois anos às voltas com graves problemas nos joelhos, o ‘Fenômeno’ deu a volta por cima ao calar a boca dos críticos, marcar oito gols (foi o artilheiro da competição) e garantir o pentacampeonato mundial para o Brasil.
Com os 12 gols marcados em três Copas, Ronaldo se igualou a Pelé e se transformou no maior artilheiro brasileiro em Mundiais. Na Alemanha, o desafio era superar essa marca e também a lista geral da artilharia. Nos dois primeiros jogos, contra Croácia e Austrália, as atuações pífias e o peso acima do normal fizeram com que os mais exigentes pedissem a sua saída do time.
Só se esqueceram que Ronaldo não tem o apelido de ‘Fenômeno’ por acaso. Contra o Japão, dois gols marcados na goleada por 4 a 1, marca que o levou à liderança da artilharia, ao lado de Muller. A primeira posição isolada era questão de tempo, como foi mostrado nesta terça, contra Gana.
Agora líder da lista de artilheiros com 15 gols, Ronaldo deve ficar por um bom tempo sem que ninguém ameace a sua marca. O jogador mais próximo de disputar a liderança e que ainda está em atividade é o atacante alemão Miroslav Klose, atual artilheiro da Copa, com quatro gols, e que já tem nove no geral – havia marcado por cinco vezes no Mundial de 2002.
(Atualizada às 17:12hs)