O estádio de Wembley é o palco mais tradicional do futebol mundial. Isso os ingleses já sabiam. O que eles não esperavam era que viriam uma partida de tão baixo nível técnico na estréia oficial da seleção principal em sua ‘casa’. Brasil e Inglaterra maltrataram a bola na tarde desta sexta-feira e ficaram no empate em 1 a 1, no amistoso cuja importância envolvida merecia um pouco mais de destaque.
Melhor para o Brasil que deixou o estádio com gosto de vitória. O gol brasileiro foi marcado aos 46 minutos do segundo tempo, de cabeça, pelo meia Diego. Apesar da euforia, ficou visível que Dunga não conseguiu impor uma postura tática ao time, que fez um primeiro tempo sofrível. No início da etapa final, a equipe chegou a melhorar, mas logo os erros voltaram a aparecer mais que os acertos. Destaque para a estréia de Afonso, responsável por duas chances ao término do jogo.
O gol inglês do duelo foi marcado pelo zagueiro John Terry, de cabeça, aos 22 minutos do segundo tempo, em uma das muitas tentativas de cruzamentos à área protagonizados por Beckham ao time inglês. O novo Wembley começa com a manutenção de um tabu de 17 anos e sete jogos sem vitórias dos britânicos sobre o Brasil.
A seleção continua com um retrospecto positivo na era Dunga. É o primeiro empate em um clássico contra um adversário tradicional. Antes, perdera para Portugal e vencera Argentina. No geral, a equipe soma sete vitórias, dois empates e uma derrota sob o comando do ex-volante. Números positivos, que o Brasil poderá manter na próxima terça, quando enfrenta a Turquia em Dortmund, na Alemanha , em mais um amistoso preparatório para a Copa América.
Os torcedores ingleses mereciam uma partida melhor para ver a estréia de sua seleção principal no novo Wembley. O primeiro tempo em Londres foi fraco, com poucas chances criadas, marcado pelo pragmatismo de ambas as equipes. Como era de esperar, os dois maiores ícones de cada equipe eram as únicas fontes de boas jogadas (Beckham e Kaká).
O inglês, que retornava ao English Team após ficar ausente desde a Copa da Alemanha, abusou de sua principal característica: os cruzamentos à área. O grandalhão Peter Crouch estava no banco de reservas e a maioria das tentativas acabavam nas mãos de Helton.
Com os cabelos descoloridos, o Spice Boy protagonizou a melhor chance dos mandantes no primeiro tempo, aos 29 minutos. Mineiro derrubou Gerrard na entrada da área. Falta que Beckham cobrou com força e viu a bola passar muito próxima à meta brasileira.
Kaká era o centro das atenções pelo lado verde-e-amarelo. Recebia a marcação de quatro ingleses, que se revezavam no combate ao meia do Milan. Mesmo assim, o provável ‘melhor do mundo’ teve seus momentos de lampejo, como aos quatro, quando se livrou da marcação e arriscou o chute, para fora.
Não foi a melhor chance do Brasil. A equipe de Dunga chegou a abrir o placar aos 19, com Gilberto Silva, mas a arbitragem anulou o lance marcando impedimento. Depois disso, mostrou perigo novamente apenas aos 34. Vágner Love sofreu falta quase que em cima da linha. Ronaldinho Gaúcho foi para a cobrança e mandou à esquerda de Robinson.
Ronaldinho ainda tentou encobrir o arqueiro rival aos 39, mas era pouco. Ou melhor, suficiente para um time que privilegiou o tempo todo a posse de bola, abusou dos toques e evitava a conclusão das chances de bola. Love se perdeu em meio a marcação inglesa, Robinho abusava das pedaladas e os laterais pouco auxiliavam.
A fragilidade da etapa inicial irritou até a arbitragem, que encerrou o período exatamente aos 45 minutos. Era preciso mudar para o segundo tempo. Kaká pedia abertura pelas ponta, abrindo o meio-campo. Deu certo. Robinho caiu para a esquerda e a partir daí os torcedores foram recompensado com uma seqüência de boas chances.
Logo aos quatro minutos, Robinho desceu com vontade e descolou um cruzamento à área. Kaká ajeitou para o centro da área e Ronaldinho, que vinha de trás, finalizou para excelente defesa de Robinson. Na cobrança do escanteio, Naldo desviou de primeira para fora, mas com perigo.
A resposta dos ingleses continuava a ser com as bolas alçadas na área, mas Helton conseguia ‘anular’ Beckham. Em uma delas, aos sete, o goleiro armou contra-ataque com Kaká. O meia avançou e emendou o chute à queima-roupa, para outra boa defesa de Robinson.
O Brasil estava melhor, mas a Inglaterra também mostrava uma nova disposição. Beckham mudara seu estilo de bater na bola e a defesa brasileira começou a se complicar. Aos 11, o Spice Boy cobrou falta e Owen subiu mais que Gilberto Silva para desviar. Aos 18, Downing aproveitou rebote de falta e emendou o chute. Quatro minutos depois, não deu para o escrete nacional.
Com uma jogada mais do que manjada, os ingleses acabaram premiados. Em falta pelo lado direito, Beckham cobrou no segundo pau e o zagueiro Terry desviou sem chances de defesa para Helton, marcando o primeiro gol do English Team em sua nova casa.
O gol parecia selar de vez qualquer chance de reação da seleção apática a maior parte dos 90 minutos. Diante de uma Inglaterra retrancada na defesa, a equipe verde-amarela ainda conseguiu algumas boas chances. Duas foram com o estreante Afonso, maior surpresa na lista de Dunga. Aos 41, Ronaldinho chutou falta para fora.
Entretanto, quando os ingleses já se levantavam para ir embora, o Brasil alcançou o seu gol. Aos 46 minutos, Gilberto Silva foi ao ataque e conseguiu um cruzamento na cabeça de Diego, que se abaixou e desviou para o fundo das redes.