Um artilheiro acredita sempre que é possível reverter uma situação. No Campeonato Brasileiro, que começou seu segundo turno nesta quarta-feira, ninguém marcou mais gols do que Borges. O centroavante santista não desistiu nunca no jogo diante do Inter, no Beira-Rio. Após sair perdendo por três gols, o Santos buscou o 3 a 3 com dois gols e uma assistência do atacante. A noite que começou em alegria para os colorados, com palmas, gritos e aplausos, terminou em vaias e tristeza.
O ponto somado fez o Inter cair na tabela, ocupando o décimo lugar. Na próxima rodada o colorado irá enfrentar o Ceará cheio de desfalques. O Santos é o 14º e não atua no fim de semana, pois o confronto diante do Botafogo foi adiado pela CBF.
Parecia que nada tiraria a vitória colorada. Foram dois gols no primeiro tempo, sempre de cabeça. Primeiro com Bolívar e depois com Leandro Damião, a vantagem foi criada com 19 minutos de jogo. Com 26 do segundo tempo, Oscar converteu pênalti e tudo parecia definido. Não estava, pois o Santos tem Humberlito Borges Teixeira, ou simplesmente Borges, o homem que igualou tudo entre os 30 e os 41 minutos.
De cabeça, ele marcou o primeiro do Santos. Depois, fez assistência para Allan Kardec diminuir a vantagem. A quatro minutos do fim, em lance individual, o centroavante Santista, marcado por três defensores, tocou no canto para empatar.
O jogo – Com a bola no pé e com ela na cabeça, o Inter construiu uma boa vantagem sobre o Santos. Por baixo, com boas sequências de passes, os colorados controlaram os paulistas. Pelo alto, o time gaúcho marcou os gols que alicerçaram o resultado.
O momento em que os gols saíram ajudou, também, os donos da casa a correrem poucos riscos. Antes que houvesse uma adaptação do adversário ao jogo, Elton cruzou, aos 7 minutos, para Bolívar, livre na segunda trave, cabecear para as redes.
A bola não era mal tratada. Os dois times a tocavam bem, tentavam valorizá-la, mas antes que o Peixe tentasse se readaptar à nova situação, os donos da casa ampliaram. Há muito tempo execrado pelo torcedor, Nei teve uma noite de redenção com a torcida. O lateral foi ao fundo, aos 19 minutos, e centrou para Leandro Damião. Como parar o centroavante colorado? Essa é uma pergunta que Pará não poderá responder. No trajeto da bola entre o pé de Nei e a cabeça do camisa 9, o santistas tentou de todas as formas levar vantagem no lance. Não conseguiu. Damião testou para dentro do gol.
Neymar esbarrou na marcação de Nei. A cada desarme, os aplausos se tornavam mais fortes e os gritos de "Nei, Nei, Nei" e coavam nas arquibancadas. Paulo Henrique Ganso arriscou pouco em passes verticais, isolando Borges entre os zagueiros. O Alvinegro Praiano pouco rondou a área vermelha. Damião e Dellatorre ainda levaram perigo antes que o intervalo chegasse.
Sem Pará e com Allan Kardec, assim o Santos voltou para o segundo tempo. O time de Muricy Ramalho foi ao ataque, mas esbarrava no sistema defensivo colorado. Quando chegava nas proximidades da área, uma pressão na bola era executada e ela era afastada de qualquer maneira. O "espanamento" resultava numa rápida retomada da posse por parte do Peixe.
Quando o defesa começou a dar sinais de fadiga, com o Santos tendo chances com Ganso, em chute para fora, e Borges, em arremate defendido por Muriel, Edu Dracena puxou Bolívar após cobrança de escanteio. Foi o alívio que o Inter queria. Oscar, aos 26 minutos, cobrou e ampliou. Mas o relaxamento colorado custou caro.
A noite parecia decida e a conta fechada. Não para Borges e Allan Kardec. Em cinco minutos, o par de atacantes foi às redes. Primeiro com Borges, após cruzamento de Allan Kardec e saída em branco do goleiro gaúcho. Em seguida, as funções se inverteram. O artilheiro do Brasileirão girou e tocou para seu companheiro marcar.
Nos dez minutos finais, o confronto ficou franco. E os santistas empataram a quatro minutos do fim. Em lance individual, envolto por três defensores, Borges levou a melhor e tocou no canto para igualar uma noite recheada de gols.