Aos 35 anos, Diego Lugano retornou ao São Paulo com uma preocupação diferente da que é apresentada por jogadores que se aproximam do fim da carreira. O Reffis do Tricolor constatou que o zagueiro se encontrava abaixo do peso ideal e preparou uma rotina diária de treinos para ele ganhar massa muscular antes de iniciar os treinos com bola. Apesar do contratempo, o uruguaio acredita que a boa forma física será um diferencial na hora de enfrentar o “calendário assassino” do futebol brasileiro.
Lugano mostrou a preocupação com o corpo ao vestir pela primeira vez a camisa que usará em sua segunda passagem pelo São Paulo. Apresentado oficialmente nessa segunda-feira, ele ficou sem o uniforme de treino para receber do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva os trajes de jogo. “Fico bem?”, indagou, em tom de brincadeira. “Estou fazendo um trabalho muscular de prevenção para ter um ano sem problemas. Por toda a cobrança e história recente, preciso fazer uma preparação mais forte. Perdi sete dias ao adiar minha vinda ao Brasil e tenho que recuperar agora. Eu não sei quando estarei pronto futebolisticamente, mas na próxima semana devo fazer um trabalho de campo”, disse.
Por ter apresentado problemas físicos nos últimos anos, o uruguaio vê na maratona de jogos do futebol brasileiro uma ameaça à sua sequência no São Paulo. “Meus últimos anos foram complicados. Tive algumas contusões difíceis, principalmente na época da Copa do Mundo [de 2014]. Naquela época foi cogitada minha volta, mas achava que não tinha condições físicas de suportar o calendário assassino do Brasil. Ele melhorou um pouco, mas ainda é assassino para o jogador. Mas em ligas menos competitivas que a do Brasil, tive um nível físico e técnico que me deu confiança para voltar ao São Paulo e defender o meu prestígio. Não vim aqui para passear, tentarei responder a todos que confiam em mim”, afirmou.
O ídolo abordou diversas vezes na entrevista coletiva o fato de não ser mais o jogador que a torcida são-paulina se acostumou a ver em campo entre 2003 e 2006. Ele, no entanto, acredita que os tricolores já estavam cientes da sua capacidade física quando fizeram campanha por sua contratação. “A idade passa para todos”, disse. “Claro que terei a dificuldade de qualquer jogador de 35 anos, mas conto com mais estrada e experiência. O calendário brasileiro é maluco, é muito difícil de jogar sempre. Mas eu não quero e nem acho que o elenco precisa disso. Quero ser mais um e revezar com os moleques novos que estão aí e são muito bons”.
“Perguntas [sobre a condição física] subestimam um pouco a inteligência do torcedor. Com 35 anos não se pode jogar a mesma coisa que um jogador de 22. O torcedor sabe perfeitamente bem o que pode esperar de mim e entenderá a minha situação. Também entenderei [quando ficar na reserva], por mais competitivo que seja. Por isso estou aqui nessa etapa da minha carreira, quando eu poderia estar muito tranquilo se jogasse num futebol distante e sem pressão. Sempre quero jogar, caso contrário iria para minha casa no Uruguai”, acrescentou.
Por conta da preparação programada pelo Reffis, Lugano ainda não tem definida uma data para estrear nesse ano. Ele já não entrará em campo no amistoso dessa quarta-feira, contra o Cerro Porteño, na capital paraguaia Assunção. O próprio jogador descartou a participação na estreia do Paulistão, contra o Red Bull Brasil, no dia 30, e disse ser muito improvável sua escalação no primeiro jogo da pré-Libertadores, diante do peruano César Vallejo, no dia 3 de fevereiro.