De missão impossível a vitória épica. Assim foi a trajetória da equipe do Brasil nos playoffs do Grupo Mundial da Copa Davis contra a Espanha. Depois de lamentar o sorteio que a colocou para enfrentar uma das forças mais tradicionais do tênis, a equipe nacional comemorou as ausências de Rafael Nadal e David Ferrer no confronto, contou com forte apoio da torcida e garantiu seu retorno à elite da competição com uma virada épica. A classificação ao Grupo Mundial veio neste domingo, com a vitória de Thomaz Bellucci sobre Roberto Bautista Agut por 3 sets a 1, com parciais de 6/4, 3/6, 6/3 e 6/2, no Ginásio do Ibirapuera.
A vitória de Bellucci fez o Brasil marcar 3 a 1 sobre a Espanha na série melhor de cinco partidas. Com o confronto já decidido, os dois países abdicaram do quinto e último jogo da série, que seria entre Rogério Dutra Silva e Pablo Andújar.
Mesmo sem Nadal e Ferrer, a Espanha era considerada favorita para o duelo em São Paulo, já que escalou Roberto Bautista Agut e Pablo Andújar, 15º e 44º colocados do ranking mundial, para as partidas de simples. O Brasil jogou com Thomaz Bellucci e Rogério Dutra Silva, 83º e 201º da lista. Os donos da casa levavam vantagem apenas em seus jogadores de duplas.
A missão nacional começou complicada, como esperado. No primeiro jogo do fim de semana em São Paulo, Bautista massacrou Rogerinho. No segundo, Andújar abriu 2 sets a 0 sobre Bellucci e ainda teve uma chance de fechar a partida, antes do paulista renascer e vencer de virada. No sábado, Marcelo Melo e Bruno Soares derrotaram Marc López e Marcel Granollers, sem sustos, dando esperanças ao Brasil.
A sonhada e improvável vaga, no entanto, ainda passava por uma vitória de Bellucci sobre Bautista. Apesar da diferença de posições no ranking, foi o brasileiro quem mandou na partida. O 15º colocado do ranking pareceu sentir a pressão de liderar a equipe pentacampeã da Espanha, se retraiu e acabou não resistindo ao jogo agressivo de Bellucci, empurrado pelo bom público presente ao Ginásio do Ibirapuera.
A vitória deste fim de semana sobre a Espanha coloca o Brasil no Grupo Mundial da Copa Davis depois de um ano de ausência. Em 2013, o time comandado por João Zwetsch retornou à elite da competição, mas foi derrotado na primeira rodada pelos Estados Unidos e nos playoffs pela Alemanha. Neste ano, venceu o Zonal Americano, classificando-se para enfrentar a Armada Espanhola.
Já a Espanha paga caro por não viajar com suas estrelas a São Paulo e volta ao Zonal Europeu depois de 18 anos jogando a elite do tênis. O time europeu não perdia um confronto disputado em quadras de saibro desde 1999, quando foi derrotado justamente pelo Brasil, em Lérida, por 3 a 2. Atual capitão da equipe, Carlos Moyá jogou duas partidas daquela eliminatória. Venceu Fernando Meligeni e foi derrotado por Gustavo Kuerten.
Zwetsch queria que Bellucci atuasse de maneira agressiva desde o início do jogo deste domingo, mas nos primeiros games de partida foi Baustista que mandou nos pontos. Jogando perto da linha de base, ele obrigou o brasileiro a atuar de forma mais defensiva e conseguiu quebrar o serviço do tenista da casa logo no terceiro game, em seu primeiro break point.
Bellucci teve a chance de devolver a quebra já no game seguinte de partida, mas desperdiçou as cinco oportunidades que teve, deixando Bautista marcar 4/1 no primeiro set. A partir daí, o brasileiro conseguiu encontrar a postura pedida pelo capitão brasileiro. Mesmo abusando das largadinhas, quase sempre falhas, venceu cinco games seguidos para virar a parcial por 6/4.
O tenista brasileiro iniciou o segundo set de partida sem a mesma intensidade dos games anteriores e perdeu já seu primeiro game de serviço. A parcial parecia ainda mais fácil para Bautista, que marcou 5/1 antes de sofrer novamente com a pressão. Ele levou uma quebra de Bellucci e ainda perdeu dois sets points, antes de finalmente fechar em 6/3.
Na terceira parcial foi a vez de Bellucci começar bem e depois quase se complicar. O brasileiro abriu 4/1 no placar e teve a chance de aumentar sua vantagem para quatro games, mas com uma sequência de erros viu o adversário se aproximar no placar. Quando tinha 4/3, voltou a jogar bem e conseguiu marcar 6/3.
O quarto set foi equilibrado. Belucci conseguiu uma quebra e abriu 2/1, mas o espanhol devolveu logo em seguida e deixou a partida empatada. Com um erro não forçado de Bautista, o tenista paulista conseguiu mais uma quebra de serviço e marcou 3/2. Em game longo e disputado, Thomaz aguentou a pressão imposta pelo adversário, salvou o break point e ampliou a vantagem para 4/2; em seguida quebrou mais um e fez 5/2. Logo em seguida, Belucci confirmou o serviço e fez 6/2.