Basta ter o olho puxado para não ter dúvida: é japonês. Além deste traço característico, o difícil é ver alguma pessoa nascida no Japão, ou mesmo descendente, com uma estatura mais elevada. Pois é… Na seleção brasileira juvenil feminina isso é possível. E nem ela mesma sabe explicar o porquê.
A jogadora em questão é Ana Tiemi, da cidade de Nova Mutum-MT que disputou a última Superliga pelo MRV/Minas (MG). Sua altura? Nada menos que 1,88m. Inclusive, ela é a levantadora mais alta hoje no Brasil, levando-se em consideração toda e qualquer categoria. Mas pergunte se ela sabe o motivo por ser tão alta!
“Ninguém sabe. Sou mestiça, meu pai é filho de japoneses e minha mãe, descendente de italianos. Mas não há ninguém alto na família. Tenho três irmãos e o mais alto tem 1,78m. Já meus pais, 1,75m”, revela a atleta, que tem 17 anos e nasceu no Mato Grosso.
Ela lembra que, até os 13 anos, tinha a altura das meninas de sua idade. A partir dali… A paixão pelo vôlei começou aos sete anos, quando já acompanhava a mãe jogar com as amigas e ficava apenas “catando as bolas”, como a própria recorda. Foi aí que entrou para a escolinha.
“Saí de casa para jogar já com 12 anos. Morava em Nova Mutum e fui jogar e morar em Cuiabá. A partir dos 13, não parei de crescer. Com 14 anos, já media 1,83m. Foi então que fui para Belo Horizonte jogar no Minas, onde estou há quatro anos”, resume Ana Tiemi.
Defendendo a seleção há quatro anos, desde a infanto-juvenil, a atleta recebeu, pela primeira vez com a camisa da seleção, uma honraria na noite do último domingo. O técnico Antônio Rizola anunciou que ela será a capitã da equipe que se prepara para o Mundial na Turquia, no final de julho.
“Fiquei surpresa e muito feliz. Quer dizer que estão acreditando muito em mim. Vou fazer de tudo para não decepcioná-los. Normalmente, o jogo inteiro já está na mão da levantadora. É mais uma responsabilidade que carregarei, mas com muito orgulho”, garante.
Rizola explica por que escolheu Ana Tiemi para ser a voz de comando de sua equipe em quadra. E ressalta que fez o anúncio numa reunião com o supervisor Hélcio Macedo, a psicóloga Sâmia e com as outras atletas do elenco que já experimentaram o gostinho de ser capitã.
“Na condução do meu grupo, procuro dividir as responsabilidades. Na maioria das equipes, a levantadora é a capitã, por liderarem o time. Do atual grupo, Fernanda Garay e Verônica já passaram pelo que a Ana passará agora. É uma jogadora que estamos preparando com carinho para a seleção adulta”.
E por falar em seleção adulta, a mais experiente das levantadoras, que já anunciou que não mais defenderá o Brasil, não poderia deixar de ser o espelho de Ana Tiemi. Fernanda Venturini sempre foi a fonte de inspiração desta “gigante japonesa”.
“Quero chegar aonde a Fernanda Venturini chegou. Admiro a postura dela, de estar sempre liderando e cobrando. Ela faz o dela e cobra da outra também. E temos que procurar estar nos espelhando nas melhores”, declara Ana Tiemi, campeã sul-americana infanto-juvenil em 2002 e eleita a melhor levantadora na ocasião.
Ana Tiemi, foi convocada mais uma vez e vai disputar com a seleção juvenil feminina o Mundial da categoria que será realizado entre os dias 23 e 31 de julho, na Turquia, e o Brasil buscará seu quinto título – foi campeão em 87, 89, 2001 e 2003.