segunda-feira, 16/setembro/2024
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Professores da UFMT de Sinop publicam artigo na revista Science sobre estudo de civilização  

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Redação Só Notícias (foto: William Gomes/assessoria)

Os professores Domingos Rodrigues e Flávia Barbosa da UFMT de Sinop são co-autores de estudo publicado na revista Science que aponta que a floresta amazônica não é tão intocada quanto por muito tempo esteve presente no imaginário popular. Ao todo podem ser até 10 mil registros pré-colombianos, período antes da chegada de Cristóvão Colombo às Américas. O estudo investigou um total de 0,08% da Amazônia com o registro de 24 estruturas, jamais catalogadas, nos estados brasileiros de Mato Grosso, Acre, Amapá, Amazonas e Pará. “Usando os registros de obras de terra encontrada até agora (961) a equipe demonstrou que dezenas de espécies de árvores estão relacionadas com essas ocupações antigas que remontam de 1,5 mil a 500 anos atrás e foram identificadas através do LiDAR, permitindo a visualização detalhada do terreno sob a densa cobertura florestal”, disse Domingos Rodrigues.

O material publicado aponta que estruturas conhecidas como “obras de terra” são anteriores à chegada dos europeus no continente. “Estas, também estão, normalmente, associadas a outros tipos de modificações da paisagem, que comprovam a presença de ocupações indígenas em várias regiões da Amazônia (como, as terras pretas de índio e a presença de espécies domesticadas, entre outras evidências). Além disso, evidencia a sofisticação das técnicas de manejo de terra e plantas por sociedades pré-colombianas, inspirando abordagens contemporâneas para preservar a Amazônia”, destacou Domingos.

O professor também apontou a complexidade do território para o estudo. “Primeiro, nós precisamos pensar nas dificuldades em se fazer pesquisas na Amazônia, devido à sua extensão e especificidades. Portanto, pesquisas em todo o bioma necessitam de equipe multidisciplinar e de dados coletados em todo o bioma, os quais são possíveis devido às redes de coleta de dados padronizados estabelecidas como o Programa de Pesquisas em Biodiversidade, Rede Amazônica de Inventários Florestais e ATDN que cobrem uma parte significativa da Amazônia, permitindo responder questões em diferentes escalas”, disse o professor.

O docente relatou que para a publicação de artigos como o da revista Science, é necessário acessar esses bancos de dados, e também informações oriundas de outras ferramentas como LIDAR (Light Detection and Ranging) para mapear a distribuição de sítios arqueológicos pré-colombiano na Amazônia, construídas por povos indígenas antes da chegada dos europeus. “Assim, 230 pesquisadores de 156 instituições localizadas em 24 países de 4 continentes publicaram o artigo coordenado pelos pesquisadores brasileiros do INPE, Vinicius Peripato e Luiz Aragão. Pesquisas inter e multidisciplinar estão se tornando comum na Amazônia e estão contribuindo para o entendimento de diferentes processos e ocupação da Amazônia”, acrescentou.

Em relação aos resultados da pesquisa e as perspectivas abertas para outras pesquisas, o professor Domingos Rodrigues explicou que povos pré-colombianos faziam uso da terra de forma favorável a conservação. “Esses povos dominavam técnicas sofisticadas de manejo da terra e das plantas, em certos casos, ainda presentes nos conhecimentos e práticas dos povos atuais que podem inspirar novas formas de conviver com a floresta sem a necessidade de destruí-la”.

“Essas descobertas têm implicações políticas, especialmente no debate sobre o marco temporal das terras indígenas no Brasil, reforçando a presença ancestral desses povos na Amazônia e a importância de proteger suas terras e culturas milenares. O resultado deste estudo é um importante avanço no conhecimento sobre a história e a cultura das populações indígenas da Amazônia”, concluiu o professor, através da assessoria.

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