O ministro da Educação, Fernando Haddad, defendeu hoje, melhores salários para os professores como forma de atrair profissionais para o magistério.
“A melhoria do nível de salários tem grande peso na atração de talentos para o magistério”, disse Haddad, ao participar de reunião em que a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) discutiu medidas de estímulo ao magistério, que a cada ano tem mais dificuldade de repor os profissionais que se aposentam. “Em especial por falta de salários dignos que estimulem as vocações”, como frisou o presidente da Andifes, Arquimedes Diógenes Coloni.
Está em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei proposto pelo governo federal que trata da definição de um piso mínimo para os professores, com vistas a reduzir as desigualdades regionais de salários no setor.
Na reunião da Andifes, o ministro Fernando Haddad disse que, em algumas regiões do Norte e Nordeste, os professores recebem salários em torno de R$ 400. Ele ressaltou, no entanto, que a proposta de piso, já aprovada na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, estipula salário de R$ 950,00 para professores com formação de nível médio, para jornada de 40 horas semanais. A diferença será coberta com recursos do Fundo de Ensino Básico (Fundeb), que “existe justamente para remunerar melhor os professores”, lembrou Haddad.
Participaram também do encontro, realizado no Hotel Nacional, os ex-ministros da Educação Paulo Renato de Souza e Cristovam Buarque. Titular da pasta no governo de Fernando Henrique Cardoso, Paulo Renato é hoje deputado federal, pelo PSDB de São Paulo, enquanto Cristovam Buarque, primeiro ministro da Educação no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, é senador pelo PDT do Distrito Federal. Ambos defenderam adaptações também de conteúdo e de modelo pedagógico.
Haddad reafirmou a prioridade do governo federal na execução do novo Plano Plurianual, que, para ele, “é o melhor feito até agora”, para tirar a escola pública da situação em que se encontra. Segundo o ministro, as universidades federais vão investir nos cursos de licenciatura para formar professores para a educação básica. Esse segmento que precisa de cerca de 100 mil novos profissionais por ano, disse Haddad.
Já o reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Valmar Ferreira Andrade, afirmou que a carência do setor poderá ser sanada com mais salário e formação voltada para a realidade de cada região, além de infra-estrutura nas escolas para
acompanhar “a grande velocidade das informações que chegam” e que precisam de adequação, principalmente na área de informática.
O reitor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Ricardo Motta, defendeu a dinamização dos currículos de formação dos professores, com produção de material didático de qualidade para estimular os alunos. Motta ressaltou que é preciso se adequar aos novos tempos, e os professores de ensino básico são fundamentais para isso, no seu entender.
Nesse sentido, a diretora do Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior, Eliane Leão, destacou a necessidade de “salário digno” para que os professores de ensino básico e fundamental possam “procurar competência em novos cursos de especialização”. Como os salários que ganham hoje não permitem isso, Eliane ressaltou que o fórum é incansável na condução de campanhas salariais e agora conta também com ajuda do Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), voltado para licenciaturas e apoiado pela maioria das 58 universidades do sistema federal.