O acordo de cooperação técnico-científica entre a UFMT e a Universidade de Nagoya, no Japão, será formalizado em abril. Graças ao acordo, Mato Grosso contará em breve com um campus avançado da universidade japonesa, além do primeiro centro de pesquisas sobre madeira tropical do Estado, que deve ser inaugurado no final deste ano.
As notícias foram dadas terça-feira à secretária de Estado de Ciência e Tecnologia, Flávia Nogueira, pelo coordenador do Centro de Tecnologia da Madeira (CTM), professor José Manoel Henriques de Jesus, que esteve acompanhado dos pesquisadores da Universidade de Nagoya, com o qual a UFMT, com o apoio da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Secitec), deve assinar um acordo de cooperação técnico-científica com a Universidade de Nagoya.
A inauguração simbólica do centro de pesquisas – que deverá ser chamado de Takashi Okwyama, em homenagem ao líder da equipe de pesquisadores, falecido no final do ano passado – está programada para novembro.
A cooperação entre as universidades está sendo negociada desde 2003, quando, em visita ao governador Blairo Maggi e à secretária Flávia Nogueira, o diretor da Kyoritsu Corporation – uma das principais empresas importadoras de madeira do Estado – Haruhito Taura, colocou à disposição do Estado a experiência, a tecnologia e as pesquisas desenolvidas nas universidades japonesas sobre madeiras, florestas e produtos florestais. Em março de 2004 ocorreram as primeiras visitas de pesquisadores das universidades de Nagoya e Tohuku e do Instituto de Pesquisas em Florestas e Produtos Florestais.
Em novembro do ano passado, a convite do professor Takashi Okwyama, o secretário adjunto, Adnauer Daltro, o professor Henriques e sua equipe estiveram visitando a Universidade de Nagoya e algumas empresas japonesas de comercialização de produtos de madeira. Desde então tem sido feitas visitas e o acordo de cooperação está sendo construído.
Através da cooperação acadêmica, será possível o intercâmbio entre pesquisadores das duas universidades, que farão a complementação de seus cursos ou a pós-graduação no país parceiro. Também será instalado um programa para professores visitantes de Mato Grosso que irão se formar em Nagoya e pesquisadores daquela universidade que virão para Mato Grosso.
Outra forma de cooperação será a elaboração de projetos em conjunto em áreas específicas voltadas para a realidade de Mato Grosso referentes a estudos de solos, manejo e sustentabilidade das florestas, além de caracterização física, química e mecânica das espécies de madeira. A Universidade de Nagoya também dará suporte e fortalecerá os cursos de pós-graduação pertencentes à área de conhecimento trabalhada pelos pesquisadores japoneses, tais como o doutorado em agricultura tropical da UFMT.
Durante a reunião, a secretária enfatizou a satisfação do Governo do Estado em estar caminhando com a parceria entre os dois países. Ela destacou também a importância do aprendizado em relação às relações entre o setor privado e as instituições de pesquisa. “Temos muito que aprender com o Japão nesse ponto”, disse.
Os pesquisadores japoneses devem voltar ao Brasil no dia 11 de abril, quando será formalizado o termo de cooperação entre os países. Em julho eles farão nova visita a fim de conhecer a área onde se instalará o centro de pesquisas, um terreno de três mil hectares no município de Cotriguaçu, cedido em comodato por um empresário local. De acordo com o professor Henriques, o objetivo principal das pesquisas será o produzir subsídios para ações para de sustentabilidade à floresta amazônica.
“Os japoneses têm experiência em estudar a madeira em países como a Malásia, a Indonésia e as Filipinas”, relata o secretário adjunto da pasta, Adnauer Daltro. Ele esclarece que, até hoje, porém, essas experiências se resumiram à exploração e não propunham manejo. “Agora eles estão propondo um trabalho conjunto para aproveitar seu conhecimento na área a fim de subsidiar estudos de manejo.”
Mato Grosso exportou em 2004 US$ 197,6milhões de dólares em madeira, o que representou uma participação de 6% no total das exportações. Em janeiro de 2005, US$ 13,7 milhões já foram exportados. O Japão é o 13º maior importador da madeira mato-grossense, tendo consumido em 2004 US$ 1,9 milhão em importação do produto.
De acordo com Adnauer Daltro, a presença do CTM – uma rede de cinco laboratórios que realiza pesquisa de caracterização física e mecânica de madeira – em Mato Grosso facilitou muito o contato com a Universidade de Nagoya. “O trabalho que já vínhamos desenvolvendo e a estrutura que já temos para realizar esse tipo de pesquisa aqui contribuíram decisivamente para as negociações com o Japão”, disse.