Cerca de 7,8% da população de Mato Grosso, com idade superior a 15 anos, é analfabeta. O dado compreende a Pesquisa Nacional por amostra de Domicílio (PNAD) 2013. O levantamento ainda destaca que a cada grupo de mil pessoas, 193 não são alfabetizadas no Estado. Nacionalmente, o estudo revela que 8,3% dos brasileiros com mais de 15 anos não sabem ler e escrever. O número corresponde a cerca de 13 milhões de pessoas.
Para o professor de Letras, Roberto Boaventura da Silva Sá, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o número pode ser ainda maior. Destaca que atualmente é considerada alfabetizada a pessoa que consegue decifrar as letras e assinar o respectivo nome. “Não podemos considerar alfabetizado alguém que não consegue ler e compreender um texto básico. Qualquer número maior que zero é alto quando se trata de analfabetismo”.
Para o estudioso, que recentemente lançou a obra “Gradação de Leituras pelo Ensino Literário”, o ato de ler é o exercício mais importante de qualquer cidadão. “É inadmissível existir pessoas analfabetas atualmente. O Brasil tem um histórico de exclusão, mas na atual condição é lamentável ver a qualidade das políticas públicas desenvolvidas para a erradicação da analfabetismo”.
Sobre a escrita, leitura e compreensão, Boaventura frisa a existência, em grande escala, de analfabetos funcionais. Segundo ele, os principais alvos são estudantes do Ensino Médio e até mesmo bacharéis dos mais variados cursos de nível Superior. “O analfabetismo é um quadro bastante complexo. Conseguimos identificar este tipo de situação nos bancos da faculdade. Com o advento do Exame Nacional do Ensino Médio ter validade como acesso ao nível Superior, é possível identificar estudantes que não têm conhecimento básico de ortografia, por exemplo”.
No que se diz respeito a diminuição dos índices de analfabetismo, o professor reforça a necessidade de manter a estrutura econômica dos programas de alfabetização e ainda o resgate do rigor acadêmico. “Acredito que nos próximo anos, o Brasil zera as taxas de analfabetismo, mas qualidade desta alfabetização é que não será a mesma”.
Representante da Secretaria de Educação de Mato Grosso (Seduc), o gestor do programa Brasil Alfabetizado em Mato Grosso e membro do Programa de Ensino para Jovens e Adultos, Antônio Marcos Passos de Mattos, reforça que o Estado tem atendido toda a demanda e desde 2004, mais de 150 mil pessoas passaram pelo Brasil Alfabetizado. Porém, destaca que Mato Grosso conta com contingente elevado de migração e com frequência chegam novas pessoas, que acabam gerando novas demandas de alfabetização.