O alto índice de analfabetismo em Mato Grosso, que chegou a 11,1% da população, levou o Governo do Estado, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), a implantar um projeto que garantiu o direito de aprender a ler, escrever e contar a mais de 40 mil pessoas, em um investimento de mais de R$ 3,6 milhões. Trata-se do LetrAção, projeto da Escola Atrativa, que oportuniza às pessoas com idade acima de 15 anos a voltarem para sala de aula ou, em muitos casos, ter o primeiro contato com o lápis e caderno.
Desde sua implantação em 2003, o LetrAção já alcançou resultados significativos. Em sua primeira e segunda etapa, 24,8 mil pessoas, de 78 municípios, foram alfabetizadas. Já na etapa intermediária, que se iniciou no dia 08 deste mês, mais 16 mil pessoas serão contempladas. “Os resultados são expressivos e ultrapassarão, no início de 2006, todas as nossas metas”, salienta a secretária de Estado de Educação, Ana Carla Muniz.
O Censo do IBGE apontou que no ano de 2000 existiam 224 mil analfabetos em Mato Grosso, do total de 2,01 milhões de habitantes. Com os 40 mil alfabetizados, esse índice foi reduzido em 17,8%, e a expectativa é de que, até meados de 2006, esse percentual seja reduzido em mais 33%.
Conforme Ana Carla, o empenho e o investimento do Governo têm sido intenso, mas essa meta não será alcançada se não houver o engajamento da sociedade. “Hoje, contamos com parcerias importantes que estão contribuindo com o LetrAção. Mas a principal delas é o envolvimento da comunidade, com a formação de uma rede para a erradicação do analfabetismo no estado. Por isso é importante a participação das igrejas, dos clubes de serviços, das prefeituras e das organizações sociais”, afirma.
O projeto também conta com o apoio da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Ao entrar no LetrAção, o aluno tem direito a consultas oftalmológicas gratuitas e, se necessário, é encaminhado para cirurgia de visão e ainda ganha óculos.
Em setembro, ocorrerá o cadastramento dos novos alunos do LetrAção para a terceira etapa, que inicia em fevereiro de 2006. A meta é atingir mais de 36 mil pessoas. “Novamente é importante que a sociedade se mobilize, pois as turmas do LetrAção são montadas por alfabetizadores voluntários, que têm como tarefa cadastrar e formar turmas de até 25 pessoas e conseguir um local para dar as aulas”, informa a superintendente de Ensino e Currículo da Seduc, Dolores Schussler.
Para Luciane Rocha, alfabetizadora de duas turmas no bairro Nova Esperança, em Cuiabá, o seu papel é bastante claro. “Temos uma remuneração, mas esse trabalho é mesmo social”, diz. Luciane faz parte do grupo de 650 alfabetizadores do LetrAção que participaram no início deste mês de uma capacitação oferecida pela Seduc. O encontro, que aconteceu simultaneamente em seis municípios do Estado, teve como objetivo mostrar novas metodologias que visam ao estímulo do alfabetizando.
O projeto não acaba com o fechamento da carga horária de 260 horas. O objetivo do governo é que todos esses alunos sejam inseridos na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para tanto, a Seduc já está abrindo novas salas dessa modalidade para ofertar o Ensino Fundamental no Primeiro Segmento.