A baixa escolaridade é uma realidade dos adolescentes internados no Centro Socioeducativo do Pomeri, onde há 102 jovens com idade entre 14 e 18 anos. A maioria cursa séries bastante inferiores às que deveria para a faixa-etária. Do total, 84 frequentam aulas do ensino fundamental, 16 do ensino médio (até o 2º Ano) e 2 estão aprendendo a ler e escrever.
Diretor da Escola Estadual Meninos do Futuro, Anísio Guimarães explica que todos os internos provisórios e permanentes frequentam as aulas enquanto estão sob a tutela do Estado, passando antes pelo processo de acolhimento para identificar qual série que devem frequentar.
Diz que na maior parte das situações, o currículo escolar não condiz com o grau de conhecimento dos jovens, que acabam tendo que voltar 2 a 3 séries para acompanhar o aprendizado. “É natural o adolescente falar que estudava
o 7º ano, por exemplo, mas quando o avaliamos, percebemos que ele não tem condição de entrar nessa turma e precisa voltar para 5º ano, às vezes até para o 4º ou menos”.
A explicação dos jovens aos instrutores para o atraso e até mesmo desistência dos estudos é quase sempre a mesma: desmotivação. Relatam que na época em que frequentavam as aulas viravam alvo de piada entre os colegas quando tinham dúvidas e perguntavam algo para o professor. Com isso, deixavam de participar das atividades. “Ficavam na bagunça e o professor os colocavam para fora da sala de aula. Como não podiam sair da escola e queriam merendar, se escondiam em algum lugar até a hora do lanche. Com isso vão desestimulando e deixam de estudar”.
Dentro da unidade, o diretor relata que a situação é diferente e os adolescentes procuram se esforçar para aprender e não ficar atrasado perante a turma. “Quando eles veem algum colega se destacando, se aproximam e procuram saber mais também, não querem ficar para trás. Pelo o que eles relatam para mim e para os professores, a escola dentro do Socioeducativo é um lugar interessante porque oferece a oportunidade do aprendizado e os deixam fora dos quartos por um período”.
Embora sejam adolescentes com problemas de comportamento social, o diretor relata que são raros os momentos
de conflito durante as aulas. “Não quer dizer que não ocorram, mas não é com frequência. Eu me sinto mais seguro dando aula dentro do Pomeri, que em algumas escolas regulares. Lá, na porta de cada sala tem uma pessoa que faz a segurança. Diferente do que temos aqui fora, onde aluno chega armado, agride professor e nenhuma providência é tomada”.
Na avaliação de Anísio, a educação dentro da unidade é uma oportunidade de mudança de vida para esses
adolescentes. Muitos com histórico de desestrutura familiar. O diretor aponta que o Estado precisa garantir acompanhamento adequado aos jovens que deixam o Socioeducativo para que o desenvolvimento intelectual
ocorra e eles não voltem à prática de crimes.