Diminuir a distorção idade/série na rede pública de Mato Grosso (Estadual e municipais), e melhorar a qualidade do ensino oferecido nas escolas estaduais e municipais. Com esse intuito, a Secretaria de Estado de Educação discute a implantação os programas educacionais desenvolvidos pelo Instituto Ayrton Senna (IAS).
Para tratar sobre o assunto e alcançar esses objetivos, é que o secretário de Estado de Educação em Exercício, Noí Borges Scheffer se reuniu nesta quinta-feira (31.08) com a Coordenadora de Educação Formal do Instituto Ayrton Senna, Inês Miskalo.
A coordenadora passou todo o dia na Seduc, apresentando aos profissionais da educação, que trabalham na sede da pasta, os quatro programas desenvolvidos pelo Instituto em cinco Estados brasileiros. São eles: “Acelera Brasil”, “Se Liga”, “Gestão Nota” e “Circuito Campeão”.
De acordo com Inês, os quatro programas têm como foco principal a “Avaliação para o Desenvolvimento Humano”, que passa por um planejamento, estabelecimento de marcos de indicadores educacionais, de prioridades e uma análise do cenário da educação.
“Temos sempre em vista o desenvolvimento do homem para a vida. Os programas que implantamos buscam melhorar os principais problemas da educação brasileira na atualidade, que são: a permanência do aluno na escola e qualidade do ensino”.
Conforme Noí Scheffer, esta parceria já vinha sendo discutida desde o início do ano. A idéia, segundo ele, é implantar no Estado pelo menos dois dos quatro programas: “Acelera Brasil” e “Se Liga”. Os dois visam diminuir a distorção idade/série na rede estadual de ensino.
“Ter como parceira uma entidade séria e respeitada como o Instituto Ayrton Senna é muito importante. Esperamos que a implantação dos programas aconteça da melhor forma possível, já que além do investimento que será feito pelo Estado, ainda existe a possibilidade de conseguirmos financiamento externo”, explica.
Números
Com a concretização da parceria, serão beneficiadas no Estado em torno de 67 mil crianças do Ensino Fundamental que têm dois anos ou mais de distorção idade/série. Este número, de acordo com o Censo Escolar 2005, representa 22,4% do total de matrículas desta modalidade nas redes municipais e estadual que fazem entre a 1ª e a 4ª séries.
O diferencial do projeto, que segue toda base legal da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), é correção do fluxo e não simplesmente aceleração dos alunos. “Tudo isso, é lógico, acompanhado, com materiais didáticos específicos para professores e alunos, bem como a formação continuada dos professores. Garantimos que os alunos saem com o mesmo nível de aprendizagem dos alunos regulares”, observa Inês.
Os dados do Censo Escolar 2005, informam também que 70.946 estudantes que se matricularam na primeira série do Ensino Fundamental nas redes publicas de Mato Grosso, enquanto que apenas 60.106 estudantes se matricularam no mesmo ano na 8ª série. Isso significa uma perda de 15,3%. Ou seja, em média os mato-grossenses levam 10,2 anos para concluir os oito anos do Fundamental.
Já no Brasil esses índices são alarmantes. A perda entre a 1ª e a 8ª série chegam a mais de 40% e os que concluem o Ensino Fundamental levam em média 10,8 anos. Isso significa dizer que mais de 5,7 milhões de crianças fizeram matrícula inicial na primeira série em 2005 enquanto que apenas 2,46 milhões concluíram a 8ª série neste mesmo ano.
Censo Escolar
Inês explicou também que o Censo Escolar revelou outro dado preocupante: dos 33,5 milhões de alunos matriculados no Ensino Fundamental em 2005, mais de 5,7 milhões foram reprovados. “Essa reprovação gerou um custo médio a todo o pais de quase R$ 7,2 bilhões. Por isso, a importância de revermos esses índices e desenvolvermos ações que superem essa exclusão educacional”, ressalta a coordenadora.
Em Mato Grosso os dados também não fogem a regra nacional. Em 2005, 563.930 crianças foram matriculadas no Ensino Fundamental, ao passo que, deste total, 149.441 repetiram o ano. Isso significa um desperdício médio de quase R$ 170 milhões.
“Sabemos que o grande desafio não é mais o acesso da educação ao aluno, mas sim a sua permanência na escola, com um ensino de qualidade. A parceria com o instituto vem ao encontro do que já estamos realizando no Estado e, tenho certeza, será de fundamental importância para alcançarmos este objetivo”, finaliza Noí.
Os dois programas devem ser implantados a partir de 2007. Como a parceria prevê investimentos privados, o Estado já está buscando parcerias com grandes empresas mato-grossenses.