A situação da Universidade Federal de Mato Grosso vai constar em um dossiê que está sendo preparado pelas universidades federais de todo o país, onde há o movimento grevista. De acordo com a assessoria, no documento irá constar que as pesquisas que não atendem à sociedade, a ausência de laboratórios, de livros, de espaço físico para docentes e alunos trabalharem e estudarem, internet precária, auditórios insuficientes, anfiteatro sempre alugado. Professores expostos a situações de insalubridade. Escassez de docentes para atender à expansão dos cursos. Assédio moral. Inexistência de moradia para estudantes, problemas no restaurante universitário, quadras necessitando de reforma. Convênios questionáveis entre a UFMT e entidades privadas. Falta de transparência. Silêncio diante de causas sociais importantes em Mato Grosso, tais como o uso excessivo de agrotóxicos e a expansão das hidrelétricas.
Os professores da UFMT analisaram, hoje à tarde, em assembleia geral, ponto a ponto o documento que revela a situação precária da instituição e que será encaminhado ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), que está fazendo um diagnóstico sobre a realidade das universidades federais no Brasil. Este documento será transformado em uma pauta de reivindicações políticas e será encaminado à reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli Neder.
Na assembleia, ficou claro que a greve já é uma das mais fortes já registradas na história do ANDES, da Fasubra e do Sinasefe. Durante o debate, professores da UFMT receberam o apoio de servidores técnico-administrativos, que também estão em greve desde o dia 12, e dos docentes dos institutos federais, que pararam dia 18.
O presidente do Sinasefe, Roni Rodrigues, explicou que a greve nos institutos federais já começou forte, com 151 campi parados. Ano passado, a categoria dele fez greve por 75 dias, uma paralisação dura e com poucos ganhos concretos. “Mas agora a gente anda, unidos somos mais fortes”.
O servidor Robson Andrade, do Comando Local de Greve do Sintuf, lembrou que categoria dele também fez uma greve ano passado e o governo não cumpriu os acordos. “Queremos agora, unidos, que o governo nos ofereça algo melhor do que só cafezinho e ar condicionado”. Segundo ele, a situação dos técnicos é tão ruim que, de cada 10 que ingressam nessa carreira, seis acabam desistindo dela.
O professor Maurélio Menezes, do Comando Local de Greve, lembrou que, quando a greve começou, eram 26 federais paradas; agora são 56. No início da greve, o Governo Federal se recusava a negociar com os grevistas. Diante da pressão do Movimento, teve que recuar e já recebeu a categoria por duas vezes. Na última terça-feira (19), havia uma reunião marcada, que foi adiada. O ministro da Educação Aloizio Mercadante alegou que o Governo não tinha uma proposta definida de carreira docente para levar à mesa de negociação.