Um dos objetivos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) desde a sua criação é a possibilidade de intervir na elaboração dos currículos de ensino médio e no atual modelo de vestibular que ainda é adotado pelas instituições. Quem defende essa idéia é o diretor de Avaliação da Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Amaury Gremaud.
“Alguns vestibulares estão se modificando em função do Enem. De alguma forma, isso está acontecendo, ainda que lentamente”, diz.
O coordenador-geral do exame, Dorivan Gomes, afirma que o objetivo do Enem é avaliar se o aluno conseguiu transformar as informações recebidas na escola em conhecimento. “Quando a escola só passa a informação, o aluno faz a prova e esquece depois. Mas quando o conteúdo está contextualizado com o mundo e a comunidade em que ele vive, aquilo não se perde mais e é esse conhecimento que ele vai usar na vida”, explica.
Para ele, criou-se uma mentalidade de que o ensino médio é um curso preparatório para o vestibular. “A escola tem que preparar o cidadão. Não é a universidade que tem que dizer se o aluno tem de saber esse ou aquele conteúdo”, critica.
Em 2007, os alunos que participaram do exame atingiram o melhor desempenho dos últimos 5 anos: 51,52 pontos na prova objetiva e 55,99 na redação (numa escala de 0 a 100). Já em 2006, as notas foram 36,09 e 52,08 respectivamente. De acordo com o diretor de avaliação da educação básica do Ministério da Educação, o desempenho dos estudantes durante as diferentes edições não pode ser comparado porque a prova apresenta níveis de dificuldade diferentes a cada ano.
Apesar de não fornecer um comparativo evolutivo, algumas escolas ou municípios utilizam os resultados para identificar deficiências, segundo informou o coordenador-geral do exame. “Desde o ano passado, o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais] tomou a decisão de divulgar os resultados do Enem por escola para que o próprio estado ou município possa elaborar políticas de educacionais em cima disso”, explicou.
Para o educador José Dias Sobrinho, especialista em sistemas de avaliação, o diagnóstico apontado pelos exames deve sempre resultar em ações que visem à melhoria da educação. “Se não houver alguma medida posterior aos exames, eles são completamente inúteis”, avalia.