O clima é de dúvida e apreensão entre os alunos que vão fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2009. As provas serão realizadas amanhã e no domingo (06), das 12h às 16h30, horário de Mato Grosso, mas ainda deixam dúvidas quanto à segurança do exame. O aluno será avaliado por 180 questões nas áreas de linguagens, códigos e suas tecnologias (incluindo redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias e matemática e suas tecnologias.
Tanto no sábado quanto no domingo os portões serão abertos às 11h e a prova terá duração de 4 horas e meia no primeiro dia e 5 horas e meia no segundo. Os endereços já podem ser verificados no site do Enem (www.enem.inep.gov.br).
A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) aderiu ao Enem utilizando-o como fase única e para as vagas remanescentes. De acordo com o Coordenador de Concursos e Exames Vestibulares da UFMT, José Eurico Leitão, a adesão ao Enem como única forma de seleção foi discutida em todos os institutos e faculdades da UFMT e votada em reunião do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), em junho deste ano.
Outras 13 universidades do país também vão seguir esse formato de seleção. Segundo Leitão, em 2010 serão realizadas pesquisas comparativas para observar o impacto da decisão em relação aos vestibulares dos anos anteriores e decidir se a UFMT manterá o formato de 2009.
Dúvidas – A nova proposta do Enem, que visa unificar os processos seletivos das universidades públicas federais e democratizar o ensino público, tem gerado muitas dúvidas entres os estudantes que estão saindo do último ano do ensino médio ou frequentam cursos pré-vestibulares.
Camila Beltrami está entre os alunos desacreditados, pois, além do vazamento de provas do Enem em outubro desse ano, houve também problemas de organização e segurança no concurso público do Estado realizado em novembro.
Além disso, Camila, que está no segundo ano de cursinho e sonha em cursar Medicina, ressalta a falta de informações sobre o "pós-Enem", quando chegar o momento de brigar por uma vaga com a nota do Exame. "Já estamos enfrentando problemas no momento da inscrição em vestibulares de outras universidades, quem dirá na hora de nos inscrever na disputa".
Os candidatos Camila Mattje Packes e Bruno Henrique Menegati Brito, que também estudam para se tornarem alunos de Medicina em uma universidade pública, compartilham da mesma opinião. Com base na prova anulada esse ano, eles consideram a prova bem formulada e realmente seletiva, mas se preocupam com o tempo disponível.
De acordo com Bruno, as perguntas são longas e exigem muita concentração, ou seja, se o aluno não estiver preparado psicologicamente acabará vencido pelo cansaço.
Apesar de gostarem do tipo de prova, os alunos não aceitam o modo radical como o exame foi escolhido, não dando tempo para que eles e escolas se organizassem melhor. Outra queixa está relacionada à forma como cada instituição optou em utilizar a nota do Enem.
"Precisamos estudar para dois formatos de provas, pois grande parte das universidades não vai utilizar o Enem este ano e outras vão considerar o Exame apenas como parte da nota", explica Bruno.
O professor de física Sidney Farina compreende a angústia de seus alunos e diz que a apreensão está associada às três fases vulneráveis da prova nacional: confecção, distribuição e aplicação. Farina concorda com os estudantes e considera o Enem uma prova com bom conteúdo e abordagem, mas acredita que utilizar unicamente a nota do Exame não é uma boa alternativa. O professor defende a realização de uma segunda fase com assuntos específicos da região.
Com a fraude no Enem realizado em outubro, algumas Universidades desistiram de utilizar a nota do exame. Além de acreditar no exame, o coordenador ressalta que, no caso da UFMT, não haveria tempo hábil para organizar um novo processo seletivo. Com relação à insegurança dos alunos, José Eurico defende que não há motivos de preocupação, pois a Polícia Federal, Polícia Rodoviária e Força Nacional foram acionadas para rastrear provas desde a confecção.
Oportunidades – Na UFMT, o número de cursos e de vagas nos campi da Capital e do interior do Estado teve aumento. São 1.050 novas vagas, resultado da criação de mais 19 novos cursos de graduação entre 2008 e 2010 (veja quadro). A universidade também ampliou 458 vagas iniciais em 40 cursos, entre eles: Medicina (de 40 para 80 vagas anuais), Arquitetura (de 30 para 60), Engenharia Sanitária Ambiental (de 40 para 60), Zootecnia de Rondonópolis (de 30 para 60).