As vendas em supermercados caíram 7,64% em fevereiro em comparação com janeiro. No entanto, em relação a fevereiro de 2014, houve crescimento de 0,35% no movimento, segundo balanço divulgado hoje (31) pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). No acumulado dos dois primeiros meses de 2015, as vendas aumentaram 1,93%. Os percentuais levam em consideração a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O presidente do conselho consultivo da Abras, Sussumu Honda, avaliou que o resultado do ano ainda é positivo devido ao bom desempenho do setor em janeiro. Porém, o desaquecimento da economia e a alta da inflação estão diminuindo a capacidade de compra da população. “Nós temos indicadores macroeconômicos que não estão bons, com o nível de confiança do consumidor também caindo. Nós estamos com inflação alta e isso acaba afetando muito o poder aquisitivo”, ressaltou durante a apresentação dos dados.
O resultado de fevereiro, entretanto, foi afetado, segundo Honda, pelo menor número de dias no mês e pelo feriado do Carnaval. “As nossas vendas são dia a dia. Então, quanto mais dias melhor”, explicou. Mesmo assim, de acordo com ele, os números do mês indicam que o setor não deverá ter uma grande expansão neste ano.
Para Honda, o cenário econômico e o ajuste fiscal proposto pelo governo federal dificultam as previsões para o ano. Por isso, ele preferiu não dizer se será possível atingir a estimativa feita no início do ano de crescimento de 2% em 2015. “Fica difícil fazer previsões neste ano de ajuste, que vai impactar em toda a cadeia. De janeiro mudou tanta coisa, os números deterioraram tanto”, analisou.
O presidente do conselho ponderou, no entanto, que os supermercados podem ser beneficiados pela mudança de hábito do consumidor que vai buscar alternativas mais baratas de alimentação, por exemplo. “A alimentação fora do lar, que ganhou um espaço muito grande [nos últimos anos], deve perder esse espaço. Aí o varejo alimentar é beneficiado nesse aspecto”.
O que parece claro, na opinião de Honda, é que o setor está perdendo o impulso que permitiu altos níveis de expansão nos últimos anos. “O nosso ciclo de crescimento, que nós tivemos a partir de 2005, perde força agora. Certamente, nós temos muitos desafios neste ano”, enfatizou.
O faturamento do setor chegou aos R$ 294,9 bilhões em 2014. O montante significa um crescimento real de 1,8% em relação a 2013. Com 83,6 mil lojas, os supermercados empregam 1,75 milhão de pessoas em todo o país.