As vendas de veículos novos no país bateram recorde no bimestre e surpreenderam a entidade que representa o setor, a Anfavea, embora não tenham gerado revisão da projeção para o ano.
As montadoras venderam 299,7 mil unidades nos dois primeiros meses do ano, 14,9 por cento a mais que no mesmo período do ano passado.
“O que nós temos visto é que a produção como um todo está abaixo das nossas projeções e que o mercado interno de uma maneira geral está acima das nossas projeções”, disse Rogélio Golfarb, presidente da Anfavea, em evento em São Paulo para divulgar os números da indústria em fevereiro.
“Nós vamos precisar observar mais um pouco a estabilidade dessas tendências para depois fazer um ajuste, se for necessário”, complementou.
A expectativa da Anfavea é de crescimento de 7,7 por cento das vendas de de 3,8 por cento da produção.
Em fevereiro, as vendas no país avançaram 14,8 por cento frente ao mesmo mês de 2006, para 146,8 mil unidades, cifra também recorde. Já na comparação com janeiro, as vendas caíram 4 por cento, resultado do número de dias menor de fevereiro.
“O mês continua, nos licenciamentos, muito forte. É uma tendência que nós já víamos a partir do ano passado… Entendemos que esse resultado no mercado interno é derivado da redução da taxa de juros e da melhoria das condições de financiamento”, complementou.
A produção avançou 1 por cento no bimestre, para 404,8 mil unidades, frente ao mesmo período do ano passado, mas caiu 2,2 por cento em fevereiro em relação ao mesmo mês de 2006. Na comparação com o mês anterior, a produção recuou 1,3 por cento, para 201,1 mil unidades.
Enquanto isso, as exportações mostraram relativa estabilidade nos dois primeiros meses do ano, registrando uma alta de 0,7 por cento, para 1,74 bilhão de dólares, frente ao mesmo bimestre de 2006. Em unidades, entretanto, houve queda de 13,2 por cento no bimestre na comparação com o mesmo período de 2006.
Em fevereiro, a alta foi de 18,3 por cento, para 942,4 milhões de dólares frente a janeiro, mas na comparação com o mesmo mês de 2006, o avanço foi de 1,9 por cento.
“(Esse) é um crescimento abaixo dos patamares que a gente observou nos outros anos. A tendência de queda em unidades continua e se aprofundou ainda mais”, complementou o presidente da Anfavea.
O executivo também descartou qualquer impacto da turbulência no mercado financeiro mundial na indústria.
“Esse soluço da China é um bom alerta… mas não acredito que do ponto de vista competitivo, que é o que nos interessa, vá no curto prazo afetar ou reduzir a competitividade da China”, disse Goldfarb.
“Acredito que não haverá nenhuma mudança de tendência no Brasil por causa dessa questão (no setor automotivo).”