A falta de projetos bem elaborados trava o repasse de quase meio bilhão de reais por ano para a região Centro-Oeste. O valor deveria ser repartido aos quatro Estados para desenvolverem a implantação de áreas agrícolas irrigadas. Porém, este não foi o caso de Sorriso que encaminhou a Secretaria de Irrigação e Recursos Hídricos, do Ministério da Integração Nacional, um projeto convincente.
Inserido no Plano de Aceleração e Crescimento (PACII), prevê irrigar 1,3 mil hectares do Assentamento Jonas Pinheiro, conhecido como Poranga. A obra deve beneficiar 216 famílias. O valor previsto para ser repassado é de R$ 80 milhões. Segundo o secretário nacional de Irrigação, Ramon Flávio Rodrigues, a primeira parcela deve ser depositada ainda na primeira quinzena de dezembro.
Ainda neste ano, o secretário nacional, que está em Sorriso, garantiu que será assinado o termo de compromisso para o inicio do repasse. A administração municipal entra com uma contrapartida de 4%. A previsão é de que a obra inicie no primeiro semestre do próximo ano. O município é o único do Estado a integrar o projeto de irrigação no PAC. Apenas Sorriso e Arambaré, no Rio Grande do Sul, estão inseridos no plano.
Até agora o que a Prefeitura já tem em mãos é o projeto base, onde o Ministério já liberou cerca de R$ 2,5 milhões para o desenvolvimento do estudo. Segundo o prefeito Chicão Bedin (PMDB) todas as licenças de órgão ambientais já foram aprovadas. Após o repasse da primeira parcela, a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, deve desenvolver o projeto executivo. O prazo para concluir a construção é de dois anos após o inicio da obra, em 2015.
“Sorriso apresentou um estudo bem elaborado e tem condições para receber um projeto desta magnitude. Vimos que a Prefeitura, independente do repasse do governo federal, vem desenvolvendo projetos de irrigação no assentamento, o que demonstra apoio ao agricultor familiar, não só do ponto de vista da agricultura de subsistência, mas principalmente no valor agregado ao produto”, disse o secretário nacional.
A capacidade do projeto é de abastecer até seis hectares em cada propriedade. Conforme o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Márcio Kuhn, a água será retirada do Rio Celeste, e deve chegar até a propriedade por meio dos canos. Cabe ao agricultor apenas “abrir” o registro. Segundo Rodrigues, a estimativa é de, depois de pronto, cada hectare irrigado gere pelo menos dois empregos diretos e mais três indiretos, o que corresponde há 6,5 mil novas contratações. “O mais importante disto tudo é de que a família permaneça no campo, evitando o êxodo rural e incentivando futuras gerações que devem dar continuidade ao trabalho”, finalizou o representante do Ministério.
Hoje de manhã, Ramom e outras pessoas envolvidas no projeto devem visitar o assentamento. Algumas propriedades já possuem irrigação, mas todas são financiadas e pagas pelos próprios agricultores familiares.