O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, participou junto com o ministro da Agricultura, Pecuária, Abastecimento do Brasil, Reinhold Stephanes, ontem, de uma reunião com parlamentares da União Européia para tratar da exportação da carne brasileira. Uma missão oficial da UE virá ao Brasil e a Mato Grosso no próximo mês, para uma vistoria na sanidade da carne produzida. Um grupo de parlamentares irlandeses e britânicos apresentou um relatório extra-oficial sugerindo o embargo à carne brasileira alegando falta de condições sanitárias.
O ministro Reinhold Stephanes afirmou durante encontro com o comissário de Saúde e Proteção ao Consumidor da UE, Marcus Kyprianou, que a carne bovina brasileira respeita todas as exigências sanitárias do mercado internacional e apresentou uma série de medidas que já estão em vigor no país e outras que estão em fase de implementação. Kyprianou afirmou que a União Européia, maior mercado consumidor de produtos do agronegócio brasileiro, não tem motivos imediatos para embargar a carne brasileira. “O Brasil tem cumprido as exigências da UE para continuar exportando”, disse.
Stephanes afirmou que as missões nas quais se baseiam os relatórios da Irlanda foram “clandestinas”. Ele expressou suas “dúvidas” sobre as fotografias incluídas nos relatórios, já que, “no Brasil, até um ministro tem que cumprir todos os requisitos e se identificar antes de entrar em uma fábrica.” Neste contexto, Blairo Maggi falou sobre a forma de produção em Mato Grosso e convidou os parlamentares europeus para visitarem o Estado, independente da missão européia oficial para conhecerem a realidade da produção. Segundo a comitiva mato-grossense, o grande entrave apresentado é uma disputa mercadológica.
O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado e o representante da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), acompanharam a reunião representando o setor produtivo do Estado. “Foi um importante canal de discussões, para esclarecer aos parlamentares europeus que irão votar a manutenção da relação comercial com o Brasil”, ressaltou Maggi.
A comissão Européia tem sido pressionada por produtores locais, liderados por grupos agropecuários como a Irlanda e a Grã-Bretanha, a tomar medidas contra a exportação de carne brasileira que, segundo eles, não atende os padrões da UE, uma reivindicação fortemente negada pelo Brasil. A disputa de mercado seria em razão da carne brasileira ser mais saborosa e comercializada com preços melhores.
Kyprianou disse que o prazo da UE e o fato de o Brasil ainda ter algum trabalho pela frente não significam necessariamente que o bloco europeu esteja prestes a impor restrições comerciais em 2008. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e tem buscado eliminar problemas como febre aftosa, que já foram mais comuns no passado. A Europa quer garantias de que o sistema de rastreabilidade do Brasil evite que animais provenientes de áreas restritas para exportação acabem sendo direcionados ao mercado externo.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Marcus Vinicius Pratini de Moraes, destacou aos parlamentares e chamou atenção para os prejuízos no caso de impedimento da entrada da carne brasileira. Um deles seria a dificuldades na compra de cortes nobres, como picanha e outros, pois ocorreria reflexos negativos no preço.
A agenda do governador e comitiva mato-grossense continua hoje, em Bruxelas, na Bélgica. O encontro será com importadores de carnes.