Com um sistema de comando e controle florestal engessado e a falta de políticas de incentivo ao desenvolvimento da atividade econômica, o setor florestal de Mato Grosso é prejudicado com a diminuição na liberação de toras. Dados extraídos do Sistema Sisflora, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), mostram que as autorizações de crédito no fechamento de agosto já estavam 33% abaixo da quantidade total de 2013. Enquanto nos 8 primeiros meses deste ano foram registradas 139 autorizações e um volume total de 3,163 milhões de metros cúbicos de madeira, durante 2013 chegou a 210 autorizações e 4,742 milhões de metros cúbicos.
Nos cinco principais municípios produtores de madeira do Estado houve queda na produção. De acordo com o presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Geraldo Bento, com a diminuição de oferta das espécies madeireiras mais procuradas e baratas, como angelim, as opções que restam no mercado são, em média, 30% mais caras, como, por exemplo, as espécies cumaru e itaúba. “Tudo isso torna a produção madeireira mato-grossense menos competitiva no mercado interno e internacional”.
De acordo com ele, essa situação é resultado do engessamento da Sema, reforçado pelo excesso de normas. Além do ambiente de insegurança jurídica, a greve dos servidores da Secretaria, deflagrada no mês de setembro, agrava o problema e impede a produção num setor que possui um grande potencial inexplorado.
“O sentimento que temos é que há menos matéria-prima para trabalhar neste ano”, expõe o presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado de Mato Grosso (Sindusmad), Gleison Tagliari. “Outra situação que percebemos é que têm muitos pedidos de renovação de manejo florestal”, disse. Como a liberação das áreas de manejo florestal têm validade de um ano, decorrido esse intervalo é possível requerer a renovação da liberação por igual período.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras e Moveleiras do Noroeste de Mato Grosso (Simno), Roberto Rios, é necessária uma intervenção governamental relacionada à concessão de incentivos fiscais para o setor florestal. “Sem retirar essa madeira que poderia ser colhida da floresta, o Estado impede a geração de riqueza”. Conforme Rios, na última década cerca de 90% das indústrias laminadoras e de compensados encerraram as atividades no Estado. “Na região noroeste, o alongamento das chuvas neste ano foi mais um fator que atrapalhou a oferta de matéria-prima”.