O Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Mato Grosso (Sindusmad) divulgou uma nota, agora há pouco, contestando a decisão do Governo Federal em proibir o desmatamento em 19 municípios mato-grossenses, apontados como maiores devastadores do país, entre eles Marcelândia, Alta Floresta, Juara, Juína, Paranaíta, que ficam no Nortão.
Na nota, eles alegam que a medida vem “boicotar o desenvolvimento econômico da nossa região”, já que, além dessas cidades, todo o Estado foi prejudicados pelo intrincado entrelaçamento da cadeia produtiva em escala, “comprometendo indelevelmente a imagem internacional e via reflexa, com prejuízos imensuráveis”.
Nota na íntegra:
“O Sindusmad – Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte
do Estado de Mato Grosso vem a público manifestar-se sobre recente episódio da divulgação de desmatamento pelo INPE.
Jamais defenderemos o desmatamento ilegal, uma vez que o setor de base florestal depende da floresta “em pé”, explorada de forma racional e sustentada, promovendo plenamente o desenvolvimento sócio/econômico.
No entanto, como vem acontecendo de forma cíclica, constatam-se ações políticas paralelas que não se coadunam com interesses nacionais. Autoridades dos mais diversos matizes fomentam indevidamente situações objetivando boicotar o desenvolvimento econômico da nossa região. O setor de base florestal vem sentindo isto na própria pele há longa data. O setor do agro-negócio é a “bola da vez”.
De qualquer forma, o que se extrai de positivo do episódio foi constatar que determinado setores da sociedade finalmente estão acordando do marasmo, deixando a hipocrisia de lado. Atente-se:
– profissionais sérios do quilate de André Petry da revista Veja (30/01/2008, p. 63 – Desmatando Marina) demonstram que o ministério do meio ambiente está tomado de pessoas mais preocupadas em disseminar suas convicções religiosas, que política ambiental;
– organizações civis do porte e credibilidade da OAB vêm a público manifestar sua preocupação com o caos social que se avizinha nos municípios que entraram na “lista negra”;
– em boa hora nossos dirigentes estaduais constataram que determinadas situações não passam de maquinações engendradas por pessoas descomprometidas com qualquer valor da nossa sociedade;
– Lula “acordou” e pediu para as ONGs internacionais, ciosas em criticar o Brasil, que deveriam promover o plantio de árvores em seus países de origem, reconhecendo publicamente a importância do agro-negócio;
Em razão disto tudo, não há como deixar de registrar indignação com os dirigentes do INPE porquanto antes de divulgação dos números do suposto desmatamento, autoridades ambientais do Estado já haviam alertado sobre a sua improcedência. Determinados “desmatamentos” na verdade eram queimas, naturais ou não (mas não havia desmate), extração de madeiras seletiva (via manejo florestal, devidamente autorizada) e por aí afora. No caso de efetivo desmatamento constatado, este havia acontecido anos atrás, modo que não poderia contribuir para os números “detectados a partir de agosto do ano passado”. No que toca ao desmatamento “detectado” em Marcelândia, somente aproximados 12% do total imputado tratava de desmatamento, dos quais, boa parte, de forma legal! Ressalta-se que algumas situações foram constatadas in loco pelo pessoal do INPE, anteriormente ao episódio.
Mesmo tendo perfeita ciência de que os dados não eram confiáveis, o INPE divulgou tais números, sem preocupação com as conseqüências disto. De duas, uma: foram publicados por erro, ou má-fé.
Uma pista do que verdadeiramente está por traz disso se extrai da simples observação visual de que no dia que os dados incorretos foram divulgados, reconhecia-se com facilidade que os membros do INPE estavam acompanhados de dirigentes de uma ONG claramente empenhada em impedir o desenvolvimento de nosso Estado. Será que não é hora de voltamos a falar sobre a CPI das ONGs e da destinação das verbas que lhes são passadas? Ou melhor, não seria o caso de uma CPI específica para investigar o que está por traz dessa trapalhada?
Na recente entrevista no aeroporto de Sinop, os “atores” envolvidos apresentavam um discurso de catástrofe mas com as câmaras desligadas, o dirigente do INPE admitiu os erros e a Ministra declarou que o Decreto assinado pelo Presidente Lula estava mantido…
Trata-se de nova edição da denominada lei de “comando/controle”, que na prática jamais funcionou, a não ser para dar notoriedade aos mentores, não raro, causando efeitos contrários, desandando rumo ao desmatamento puro e simples para “garantir direitos” dos proprietários, contrapondo os esforços na busca do desenvolvimento sustentável “via” política do manejo.
Por outro lado, sem muito esforço conclui-se que os fatos serviram a propósitos ainda não muito claros, mas com inequívoco interesse de boicotar a recuperação do setor de base florestal, do agro-negócio, bem como da gestão florestal estadual, que a olhos vistos está dando certo, com o engajamento de toda sociedade civil, fato este, aliás, reconhecido até mesmo pela Ministra.
Muito mais do que prejudicar o “nortão”, em razão de que até mesmo os municípios que não integraram a “lista negra” foram prejudicados pelo intrincado entrelaçamento da cadeia produtiva em escala, prejudicou o Mato Grosso, comprometendo indelevelmente a imagem internacional e via reflexa, com prejuízos imensuráveis à Nação!
Coincidência ou não, naqueles dias a Comunidade Européia embargou nossa carne (cujo setor estava em franca ascensão depois de anos de estagnação), causando prejuízos da ordem de U$ 18 milhões/mês. À reboque outros mercados internacionais poderão tentar capitalizar dividendos para derrubar o preço das commodities, alegando origem do produto de áreas desmatadas irregularmente. E, veja-se que foi o INPE que fomentou tais fatos. Isto é que é pior!
Sob qualquer prisma de análise, forçoso é observar que a partir de dados irreais geraram-se atos prejudiciais a Nação, agravado pela tomada de atitudes precipitadas e desproporcionais, punindo todos os produtores de forma indistinta, colocando lado a lado eventuais transgressores do meio ambiente, com os que seguem a Lei. Esta atitude injusta gerou indignação de toda a sociedade, à qual nos solidarizamos, na esperança de que a sensatez e o bom senso voltem em breve.”