O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Augusto Barroso, disse hoje que o setor energético está preparado para a retomada do crescimento econômico. Segundo ele, a retração da economia nos últimos anos, com queda na atividade, permitiu uma sobra de energia que dará um certo conforto energético nos próximos dois ou três anos.
“É claro que não existe risco zero, todo sistema é planejado e tem em seu critério garantir a confiabilidade do abastecimento ao menor custo possível”, disse Barroso. O presidente participa do workshop internacional O papel da Eficiência Energética na Economia de Baixo Carbono do Brasil, que ocorre na sede da empresa no Centro do Rio.
Barroso disse que a EPE ainda está analisando o tamanho desta “folga energética” e que o setor fará uma “faxina” para levantar a situação dos projetos energéticos em andamento e delinear a real situação do ponto de vista do abastecimento.
No Nordeste, que vem passando por problemas de falta de chuvas e encontra-se com os reservatórios abaixo do volume considerado ideal e seguro, o presidente da EPE admitiu que as condições na região são críticas, mas disse que a situação está sobre controle e que o Operador Nacional do Sistema (ONS) está atento ao problema.
“O planejamento está sendo feito [na região] pelo ONS e medidas operativas estão sendo tomadas para a maximização da confiabilidade do suprimento. Risco sempre há, mas o ONS está trabalhando para minimar estes riscos”, disse. “Para 2017 nós só vamos ter uma real análise da confiabilidade de suprimento [na região] ao final do período chuvoso que está se aproximando.”
Apesar dos leilões que a EPE vem fazendo para desenvolver projetos de energia que garantam o provimento futuro, Barroso disse que as condições estão dadas e que novos investimentos demandarão tempo de maturação.
“Existe uma sobre-oferta muito grande no sistema para o horizonte de 2017, de curto prazo, onde não há mais tempo para fazer novos investimentos. Então é um horizonte em que as condições estão dadas, mas a redução de demanda foi muito significativa e causou uma sobre-oferta de demanda muito grande que vai perdura para 2017”.
O presidente da EPE disse que o governo vai continuar buscando energia gerada a partir de fontes hídricas, mas que, a partir de agora, será criterioso na concessão de autorizações para construção de novos empreendimentos desta natureza.
“O Brasil é um país que tem vocação para a construção de usinas hidroelétrica, então ele vai buscar a energia hidroelétrica. O que a gente precisa, no entanto, é garantir que elas sejam construídas dentro de um processo de sustentabilidade e de ampla discussão com a sociedade, inclusive com todos os agentes envolvidos – principalmente quando for em terras indígenas”.
Barroso disse que no setor é preciso ser pragmático, uma vez que a energia tem que ser garantida. “O fato é que nós seremos pragmáticos: em não havendo hidroelétricas, nós vamos buscar alternativas, que podem ser renováveis ou não e que podem ter um custo maior, ou não. Vai depender do que o mercado apresentar e entregar para gente como alternativa”.