Representantes do Governo Federal e do Estado, iniciativa privada e universidades se reúnem hoje, em Cuiabá, em um seminário que discutirá modais de transporte fluvial no Brasil, em especial, a hidrovia Paraguai-Paraná. O evento promovido pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) será realizado no auditório da Federação das Indústrias de Mato Grosso.
De acordo com o gerente de Desenvolvimento e Regulação da Navegação Interior da Antaq, Adalberto Tokarski, um dos objetivos do seminário é discutir a viabilidade de utilização do modal aquaviário diante das metas estabelecidas no Plano Nacional de Logística de Transporte (PNLT).
“Estamos realizando vários seminários em todas as regiões abordando as diferentes hidrovias brasileiras para esclarecer as formas que temos para desenvolver esse modal de transporte com respeito à preservação ambiental fazendo com que a via seja utilizada da melhor maneira possível, integrando um plano de desenvolvimento sustentável para a região”, disse Adalberto.
O PNLT foi elaborado contemplando projetos prioritários e estruturantes para o setor de médio e longo prazo e que sirva de subsídios para o PPA 2008/2011 do Governo Federal e integra as ações previstas no PAC.
O gerente da Antaq reforça ainda a necessidade exposta no PNLT de efetivas mudanças na matriz de transporte de cargas no país, com melhor equilíbrio, considerando os custos de toda a cadeia logística. “Mato Grosso, por ficar na Região Centro-Oeste, precisa de eficientes saídas para escoar a produção e, por isso, é necessário que a hidrovia Paraguai-Paraná se desenvolva, pois esse modal serve principalmente como uma das alternativas estratégicas para o escoamento da produção de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, explicou.
Mais de 50% da carga transportada no país é realizada pelas rodovias, que na maior parte do Brasil encontra-se em precárias condições. Uma das metas em longo prazo no PNLT, entre 15 e 20 anos, é a participação no modal ferroviário dos atuais 25% para 32% e do aquaviário de 13% para 29%.
Com essas metas, a intenção do Governo Federal é conseguir mudar o modal rodoviário dos atuais 58% para 33% fazendo com que seja integrado ao sistema multimodal através do carregamento e distribuição de ponta.
Tokarski argumenta que a mudança na matriz de transporte é prioritária não somente pela redução nos custos que envolvem toda a cadeia logística, como também na redução dos números de acidentes registrados anualmente nas estradas brasileiras. “Ampliando e estruturando a utilização de novos corredores de transporte, procuramos também trabalhar com uma matriz que é ambientalmente mais favorável”, observou Tokarski ao destacar que a emissão de gás carbônico é maior no transporte rodoviário que nos outros modais.
O Brasil utiliza muito pouco o modal aquaviário para escoamento da produção nacional. Pouco mais de três milhões de toneladas de grãos do país é transportado pela hidrovia, enquanto que ao longo de trajeto completo são transportados 15 milhões de toneladas, envolvendo outros três países – Bolívia, Paraguai e Argentina.
“A realização dos seminários é um momento importante na construção de uma estatística sobre o setor nas regiões brasileiras. E Mato Grosso é especial nesse sentido, pois é o Estado com maior produção agrícola e o mais distantes dos portos brasileiros. Passamos anos sem um planejamento específico para o setor de transportes e agora precisamos rever as matrizes utilizadas no país”, esclareceu Adalberto Tokarski.
“Com o planejamento estratégico para o setor é que se está percebendo realmente o quanto é prejudicial a concentração da matriz de transporte em um só modal, pois somente em acidentes ocorridos anualmente no país, 12% deles sãos registrados nas rodovias federais, ou um acidente a cada cinco minutos”, enfatizou.
O gerente da Antaq aponta ainda que a utilização do modal errado, como no caso de Mato Grosso, traz inúmeros outros prejuízos que vão da perda nas cargas, acidentes constantes, frota velha e situação precária das estradas. “Mato Grosso tem cinco alternativas interligando os modais rodoviário, aquaviário e ferroviário, com redução no rodoviário e precisamos estruturar a utilização adequada de todos eles de modo a favorecer o desenvolvimento do Estado”, destacou Adalberto ao referir-se às ligações das BRs-364,163,158 formadores corredores de exportação com a Ferronorte, Norte-Sul, e as hidrovias Teles Pires-Tapajós; Madeira, Tocantins-Araguaia e Paraguai-Paraná.