O governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, reuniu-se com o adido da Agricultura do Brasil na Rússia, Rinaldo Junqueira, na noite de quarta-feira, em Moscou para discutir o embargo do país a frigoríficos do Estado, do Paraná e do Rio Grande do Sul. A expectativa é que a importação da carne brasileira seja retomada nas próximas semanas, após análise de um relatório entregue ao Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor).
Técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) repassaram o documento às autoridades russas durante uma reunião em Moscou. "As negociações estão caminhando de uma maneira muito positiva e em vez de contestar as exigências russas, estamos corrigindo as inconformidades apontadas nos frigoríficos. Isso faz com que o processo caminhe de maneira célere", disse Junqueira.
"Mato Grosso também adotou a postura do Governo Federal, de mostrar aos russos que estamos dispostos a aperfeiçoar nosso sistema. Além disso, vamos intensificar a fiscalização e cobrar com rigor o cumprimento das exigências fitossanitárias pelos frigoríficos", disse o governador. Silval pontuou que a aproximação do Estado às entidades russas será um fator que poderá facilitar o fim da suspensão comercial.
As reuniões entre o Serviço Federal de Fiscalização da Rússia e o Mapa foram lideradas pelo secretário de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim. Com técnicos do órgão, ele iniciou na segunda-feira (04.07) uma rodada de encontros com as autoridades russas que dirigem o setor no País. "Na primeira reunião entregamos um levantamento e eles solicitaram mais informações. Na terça-feira já repassamos todos os dados solicitados", falou Junqueira.
A expectativa é que nos próximos 15 dias o Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia emita um parecer sobre o relatório. Em nota oficial, autoridades russas afirmaram que o governo brasileiro realizará teleconferências com os russos ao fim das análises. Francisco Jardim convidou o diretor do Serviço Federal Russo, Sergey Dankvert, para uma visita ao Brasil.
Entre as medidas adotadas para correção das inconformidades constam o investimento de U$32 milhões nos laboratórios brasileiros para reorganização da rede de laboratórios de controle de matérias primas e produtos veterinários. Para a formação profissional dos funcionários dos laboratórios brasileiros, Sergey propôs um convênio para estágio no Centro Estatal Russo de Qualidade e Padronização de Substâncias Medicinais para Animais e Rações e também no Serviço Veterinário Central Científico-Metodológico.
Os representantes dos dois países concordaram com a criação de dois grupos de trabalho voltados a metodologia de condução das inspeções nas empresas, de testes laboratoriais e da implantação de um sistema de auditoria interna nas plantas frigoríficas. "Levamos a sério as exigências russas e eles estão impressionados com a rapidez de resposta do Brasil. A sinalização é de que o impasse chegará ao fim em breve", avaliou Rinaldo Junqueira.
O Governo Federal realizou uma inspeção em 236 empresas autorizadas a exportar carne para a Rússia/União Aduaneira, e 143 mantiveram a autorização. Noventa e três sofrem restrições temporárias por não estarem em conformidade com a legislação russa. A compra de carne brasileira está embargada desde 15 de junho, após a análise de uma fiscalização amostral realizada pelos russos em 29 frigoríficos no mês de abril.