O governo russo suspendeu o embargo à carne bovina e suína brasileira, informou o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. A partir de 1º de dezembro, o país voltará a importar o produto do Brasil. A Rússia tinha proibido a importação de carne brasileira em dezembro de 2005, logo após a identificação de focos de febre de aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná. Com a decisão, um frigorífico de Nova Mutum também poderá comercializar sua produção.
Stephanes justificou a demora do governo russo em decidir pelo fim do embargo. “Tínhamos algumas fragilidades no nosso sistema de sanidade animal, mas temos trabalhado para melhorar e levamos quase dois anos para o saneamento de todas as questões”, disse.
Na época da descoberta dos focos, uma comissão do governo russo veio ao Brasil e fez uma série de exigências para restabelecer as importações. A principal era que o país ficasse livre da aftosa. Os técnicos russos também recomendaram melhorias na fiscalização e nas condições de armazenamento da carne pelos frigoríficos.
Após várias inspeções, uma última missão veio ao Brasil em setembro para uma nova avaliação. O relatório final, divulgado ontem, dá sinal verde para novas compras. O ministro garantiu que não haverá novos embargos russos. “O entendimento com a Rússia tem sido muito bom. Não vemos nenhuma possibilidade de retrocesso”, afirmou.
De acordo com o ministro, o Brasil hoje vende carne para 180 países, sendo a Rússia o maior comprador. Para lá, vão 15% das nossas exportações de carnes bovinas e 70% das de carne suína.
Com o desembargo, o ministro espera maior incremento no setor, cujas vendas têm crescido entre 18% e 20% ao ano. “Qualquer crescimento nas exportações para a Rússia é muito importante”, disse. Stephanes avaliou também que outros países poderão ampliar as compras do Brasil ao serem informados do fim do embargo russo.
O aumento das exportações, afirmou Stephanes, não trará escassez de carne para o mercado interno. “A produção nacional está crescendo e tem condições de atender tanto o mercado interno quanto o externo”, assegurou.
O ministro, no entanto, admitiu que os preços das carnes podem aumentar, influenciados pelo mercado internacional. “O preço, de modo geral, está sendo ditado pelo mercado externo. Há uma demanda aquecida e os preços em nível internacional tem melhorado. Claro que isso tem reflexo também no mercado interno”, explicou.