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Renda em alta e incentivos mantêm consumo aquecido

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O ano de 2012 começará ainda sob os efeitos da crise econômica, que agora atinge com mais força a Europa, mas pode ter impactar os outros países. Mesmo assim, por enquanto, o motivo não é forte o suficiente para afetar o consumo dos brasileiros, já que outros fatores vão manter o otimismo das famílias e, consequentemente, a disposição delas de ir às compras.

De acordo com o economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo), Bruno Fernandes, a expectativa é que, no início do próximo ano, o consumo seja mais moderado, mas, a partir do segundo trimestre, cresça em ritmo mais forte, influenciado pela retirada do excesso de medidas de restrição ao crédito adotadas pelo Banco Central. "Além disso, temos o desaperto monetário. Ao que tudo indica, o BC vai continuar cortando os juros nas próximos reuniões [do Copom]", diz o economista, completando que a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) da linha branca vai ajudar a recuperar o consumo.

O professor de Finanças e Varejo da FIA, José Carlos Luxo, compartilha da mesma opinião e acrescenta que a renda do trabalhador ainda em alta é outro fator que vai continuar impulsionando o consumo em 2012, como vem ocorrendo nos últimos anos.

Bens duráveis ainda serão procurados
Ambos os especialistas concordam ainda que os bens duráveis e semiduráveis, como móveis, eletroeletrônicos e eletrodomésticos, devem continuar sendo um dos carros-chefes do consumo, principalmente agora que alguns deles contam com menos IPI. Além disso, diz o professor da FIA, o consumo destes produtos é estimulado pelo crédito, e "o governo vem novamente incentivando o crédito, para estimular o consumo". Um desses incentivos veio recentemente com a diminuição do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nas operações de crédito, de 3% para 2,5% ao mês.

Por outro lado, afirma o economista da CNC, o agravamento da crise na Europa pode afetar o câmbio, o que pode vir a prejudicar o consumo destes bens.

Quanto aos itens não duráveis, como alimentação e vestuário, e aos serviços, o consumo deles deve se manter devido ao crescimento contínuo da renda, diz José Carlos Luxo, e também porque os preços não tendem a aumentar tanto quanto neste ano, de acordo com Bruno Fernandes. Com isso, os maiores beneficiados devem ser os brasileiros da classe C, que costumam comprometer mais o orçamento com alimentos, roupas e serviços.

Classe C e Nordeste na liderança
A classe C, aliás, é a que vai continuar liderando o consumo no Brasil, afirmam os especialistas. "O Brasil mudou de eixo. Hoje temos praticamente 51% da população, ou mais de 90 milhões de pessoas na classe média, que tem um poder de consumo extraordinário. Juntas, as classes A, B e C formam 63% da população e a força dessas classes é o que mantém o Brasil em um ritmo de crescimento muito bom", avalia o professor da FIA.

Os dois concordam ainda com a região que deve se destacar quanto ao consumo no próximo ano. "O Nordeste brasileiro vem crescendo em ritmo maior do que outras regiões e isso deve se manter, devido às várias empresas que estão lá e ao aumento da renda do trabalhador. Aliado a isso, há a Copa do Mundo de 2014, que vai atrair bastante investimento estrangeiro", comenta José Carlos Luxo. Já para o economista da CNC, além do Nordeste, o Norte também vai passar por um aquecimento do consumo, já que estas regiões foram as que mais sentiram os efeitos das medidas de restrição ao crédito tomadas pelo governo ao final de 2009, e agora parcialmente retiradas ao final de 2011.

Apesar do cenário otimista para o consumo, a crise europeia pode ser uma ameaça (ainda distante), não só pelo lado econômico, já que um agravamento dela pode levar a uma recessão mundial, abalando o crescimento dos emergentes, incluindo o Brasil, mas também pelo aspecto psicológico. "Quando as pessoas veem notícias sobre a crise do euro, crise no mundo, expectativa de crescimento menor, o que pode significar desemprego, elas tendem a ficar mais cautelosas e isso pode reduzir o consumo. Quem pretendia fazer uma reforma na casa ou trocar o carro, por exemplo, tende a esperar", avalia o professor da FIA, que, no entanto, diz que o governo pode lançar mão de mais medidas – a exemplo do incentivo ao crédito ou redução do IPI – para enfrentar qualquer adversidade, caso a previsão se cumpra. "O Brasil tem várias armas para combater uma crise mais aguda", finaliza.

 

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