A cultura da seringueira será, a partir de 2006, uma atividade de reflorestamento que poderá ser contabilizada como crédito de reposição florestal em Mato Grosso. E, futuramente, a heveicultura também poder ser utilizada como crédito de seqüestro de carbono. O anúncio foi feito hoje, em Denise (211 km a Médio-Norte de Cuiabá), pelo secretário de Desenvolvimento Rural, Clóves Vettorato, durante abertura do 2º Ciclo de Palestras sobre Heveicultura na região do Médio-Norte.
Projeto de lei do Executivo em discussão na Assembléia Legislativa propõe a criação do Código Florestal e Ambiental que contempla – entre outras mudanças positivas importantes as questões ambientais – a cultura da borracha responsável pela produção anual de 15 mil toneladas em Mato Grosso. “Com essa nova lei Mato Grosso vai passar por uma transformação muito grande na questão ambiental e florestal”, assinalou Vettorato. “Podemos mostrar para o mundo que o desenvolvimento econômico de Mato Grosso é uma atividade agrícola sustentável”, disse ele.
Durante o evento, os produtores receberam um livro produzido pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) onde constam as diretrizes técnicas para a cultura da seringueira no Estado. De acordo com a publicação, o plantio da seringueira contribui para o seqüestro de carbono da atmosfera. A heveicultura é considerada uma atividade de reposição floresta, minimizando os danos ao meio ambiente.
Foi com base nessa avaliação, que o superintende de Política Agrícola da Secretaria de Desenvolvimento Rural, engenheiro florestal, Rogério Monteiro da Costa e Silva propôs na lei que a borracha seja contabilizada como crédito de reposição florestal em Mato Grosso. Desta forma, os produtores passam ter acesso a linha de crédito como os recursos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO).
Só em Denise, informou o prefeito Israel Antunes (PP), a área cultivada é de 250 hectares. Com o Projeto de Culturas Perenes, em quatro anos passou de uma área de 1.250 hectares. Nos próximos quatro anos a estimativa é de atingir três mil hectares.
Ambiente – Em sua palestra, Vettorato reafirmou o compromisso do Governo do Estado é respeitar e preservar o meio ambiente por meio de inúmeras ações executadas pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e programas como o MT Regional e MT Florestal, entre outras iniciativas.
O secretário informou que em 2006 Mato Grosso será contemplado com um grande projeto de reflorestamento florestal. Iniciativas nesse sentido já começam a ocorrer: em Sorriso maior produtor de soja do País, os agricultores querem reflorestar 3% da área agricultável com recursos do FCO. Com uma área agricultável de 515 mil hectares, os produtores estão dispostos a reflorestar 14,4 mil hectares (3%) do município localizado no Norte do Estado.
Mais: produtores de soja no Estado devem substituir, partir de 2006, o cultivo da oleaginosa por florestas em pelo menos 17% da área plantada na safra 2004/05. O investimento em madeira justifica-se pela baixa rentabilidade do grão, crise no agronegócio e a proibição desmatamentos. Somente com projetos financiados, madeiras como teka e eucalipto já ocupam uma área 103 mil hectares. Os produtores estimam que a área de soja deva encolher 1 milhão de hectares, ante 5,4 milhões cultivados nesta safra.
Em Sorriso, posteriormente, os agricultores de Sorriso querem ampliar para 90 mil hectares a área reflorestada em sete municípios localizados num raio de 180 quilômetros, entre Nova Mutum e Sinop.
O secretário informou que o Estado apoiará iniciativas que assegurem o desenvolvimento econômico com preservação ambiental com a geração de emprego e renda, além de diversificar e agregar valor à produção. “É uma alternativa de diversificação e que nós temos que apoiar. Quero ao longo do tempo demonstrar aos produtores que os investimentos em reflorestamento, seja em eucalipto ou em outros tipos de árvore, que é possível também ganhar dinheiro com isso”, disse Vettorato”.