A recessão econômica deve compensar o impacto da alta do dólar nos preços, segundo avaliação do Banco Central (BC), divulgada no Relatório de Inflação, hoje (24). Segundo o BC, "o cenário recessivo da atividade econômica deve contribuir para a redução da trajetória da inflação de preços livres no restante deste ano, mais que compensando o impacto dos choques cambiais".
O BC também cita como fatores de compensação as perspectivas mais fracas para a economia em 2016, o atual nível de estoques de produtos e o de melhoras nos preços de commodities (produtos primários com cotação internacional) e a taxa básica de juros, a Selic, elevada por sete vezes seguidas.
O dólar está em alta nos últimos dias. A moeda mais cara afeta a inflação porque torna produtos importados mais caros. Mas o BC avalia que – com a economia em queda – esse repasse do câmbio para a inflação deve ser menor. Ontem, o dólar comercial fechou o dia cotado em patamar recorde de R$ 4,146.
No relatório, o BC também avalia que, “depois de um período necessário de ajustes, que pode ser mais intenso e mais longo que o antecipado, o ritmo de atividade tende a se intensificar”. Para que isso aconteça, o BC destaca que é preciso melhorar a confiança das empresas e famílias.
O BC também considera que, no médio prazo, o consumo tende a crescer em ritmo menos intenso e os investimentos devem ganhar impulso. No cenário externo, o BC avalia que o crescimento da economia global, mesmo moderado, combinado com a alta do dólar, deve levar ao reequilíbrio das contas externas e ao crescimento sustentável da economia brasileira.
O BC também destaca que, “em prazos mais longos, emergem perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria e da agropecuária”. O setor de serviços, por sua vez, "tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes”.