Se hoje o manejo sustentável é a ferramenta que garante a exploração da floresta pelo setor de base florestal, o futuro do segmento será o reflorestamento. Pelo menos foi o que apontou a palestra de Luis César Lino de Oliveira, presidente da Associação de Reflorestadores de Mato Grosso (Arefloresta), sábado à noite, no encerramento do Promadeira em Sinop. Luis apontou que os benefícios do plantar florestas comerciais é maior do que o projeto de manejo, começando pelo tempo de espera para obter novo manejo em área já explorada, que é de 25 anos. Com o eucalipto pode-se obter madeira para exploração comercial em 15 anos, por exemplo. Um dos fatores que contribui para o rápido tempo de maturação das árvores no Estado é o clima. Sol e chuva abundante auxiliam o crescimento das principais espécies.
A relação custo benefício também foi mostrada na palestra. Para se produzir Eucalipto para lenha investe-se cerca de R$ 12 mil por hectare em dois ciclos de 7 anos e o faturamento é de R$ 28 mil a R$ 32 mil por hectare no período. Para madeira de múltiplo uso investe-se R$ 16 mil/ha em um ciclo de 14 anos e o faturamento é de R$ 48 a 55 mil/ha no período. Se o madeireiro preferir plantar a Teca o lucro é bem maior, com investimentos de R$ 41 mil/ha em ciclo de 25 anos com faturamento de R$ 170 a 220 mil/ha no período. A Teca é comparada comercialmente ao Mogno.
Apesar da alta lucratividade do reflorestamento a ferramenta ainda é pouco usada no Brasil. A exploração de florestas naturais com projetos de manejo responde atualmente por 95% da demanda do setor de base florestal. A nível global o consumo anual é de 4 bilhões de metros cúbicos por ano, com 1,77 bilhão para geração de energia, 1,68 com toras industriais, 420 milhões de metros cúbicos de madeira serrada e 230 milhões para celulose. A maior parte da produção (56%) ainda é para consumo interno, mas uma fatia importante (26%) é exportada para os Estados Unidos (2 milhões de metros cúbicos/ano), Oceania (1,2 milhões de metros cúbicos/ano) e Europa (800 mil metros cúbicos/ano).
O presidente da Arefloresta disse, ao Só Notícias, que “a área reflorestada em Mato Grosso ainda é pequena, com apenas 144 mil hectares de floresta no final de 2006, quando a associação concluiu o diagnóstico florestal no Estado”. Do total, 48 mil/ha são plantados com Teca, 44,8 mil em Seringueiras e 44 mil para Eucalipto.
Com relação à segurança do investimento o presidente da Arefloresta declarou que é 10 vezes mais seguro investir em reflorestamento do que em ações, por exemplo. Mas Luis César alerta: “É necessário reflorestar com profissionais da áera que já tenham experiência nesse ramo”, disse, ao Só Notícias. “Se você reflorestar por conta própria ou com amadores, corre o risco de não perceber os erros de imediato e, quando isso acontecer já terão se passados 4 a 5 anos. Aí o investidor perdeu tempo e dinheiro”. O reflorestamento no Estado gera hoje aproximadamente 10 mil postos de trabalho.
Com relação à produtividade da principais espécies plantadas em Mato Grosso, a do Eucalipto é de 23,28 metros cúbicos por hectare por ano, Teca produz 15,59 metros cúbicos/ha/ano. A Arefloresta “almeja crescimento de 40% na produtividade”, declara o presidente. Os principais pólos de reflorestamento no Estados estão concentrados em Cáceres com plantio de Teca, Rondonópolis e Campo Verde com Eucalipto e Seringueira no Sul do Estado, porém, “há plantações dispersas por todo o território matogrossense”, diz Luis.
Extistem linhas de crédito para o reflorestamento com juros baixos, na rede bancária estatal e privada, com recursos do Fundo do Centro-Oeste (FCO), Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf) e Prop Flora (BNDES), por exemplo. Esse último com disponibilidade de até R$ 200 mil/ano. Outra possibilidade de conseguir recursos, segundo o palestrante, são os fundos de investimento, como o MT Floresta (para os pequenos produtores), BNDES PAR (aquisição de participação acionária), Fundos de Capital privado (investidores em capital de risco) e mecanismos especiais, como a reposição florestal, por exemplo.
O presidente da Arefloresta espera que o governo dê mais incentivo ao setor.” O governo hoje ainda não dá um grande incentivo como deveria, mas já tem começado a olhar para o reflorestamento como a saída mais viável para a base florestal”. A maioria das ações governamentais hoje é de repressão contra o desmatamento.
A Arefloresta, que começou em 2004 com 6 filiados e hoje conta com mais de 30, aposta no crescimento das florestas plantadas. “Os investimentos mundiais em reflorestamento começaram a ser transferidos para o Brasil”, declara Luis. Também existem empresas matogrossenses fazendo pesquisas para gerar créditos de carbono para reflorestamento. “O cenário é positivo e até 2012 a extimativa é que Mato Grosso plante mais de 50 mil hectare de florestas por ano”, prevê.