Mesmo com projeção para entrega da Ferrovia da Integração Centro-Oeste (Fico) somente ao final de 2015, o setor produtivo mato-grossense continua otimista com a nova alternativa de escoamento de grãos. A garantia é do presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) Mato Grosso, Carlos Fávaro. “Estamos confiantes. Apesar do atraso será uma obra rápida, com previsão de dois anos. Estão desenvolvendo o projeto com responsabilidade para evitar interrupções durante a construção”, explicou ao Só Notícias.
Fávaro participou, ontem (22), da audiência pública na comissão de Infraestrutura no Senado que discutiu sobre o andamento das obras da ferrovia, que ligará Goiás ao interior mato-grossense e está projetada também para chegar até Rondônia. Nela, a secretária de Fiscalização de Obras do Tribunal de Contas da União (TCU), Juliana Monteiro de Carvalho, destacou que erros no projeto foram detectados pelo órgão que recomendou a interrupção do processo licitatório. Os procedimentos são ainda reflexos da crise de denúncias de irregularidades e corrupção no Ministério dos Transportes, ocorrida em julho do ano passado, que resultou na saída do ex-ministro Alfredo Nascimento, de Luiz Pagot da direção do DNIT e José Neves – Juquinha – da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias (estatal do governo federal).
“Tivemos um atraso sim, por conta dessa interrupção. Isso está causando um atraso mas, com certeza, após esse novo projeto executivo a obra vai sair mais rápida, sem interrupções depois de iniciar”, apontou Fávaro. Para ele, o problema com o projeto já está solucionado. “Após o problema, a Valec está desenvolvendo um novo projeto executivo, um pouco mais amplo, detalhado, com previsão de conclusão para setembro de 2013 e obra conclusa em mais dois anos, no final de 2015”, destacou o produtor.
Durante a audiência de ontem, foi reforçado o pedido à Valec de construção de uma ponte rodoferroviária sobre o rio das Mortes, entre os municípios de Cocalinho e Água Boa, para atender também a MT-326. O pedido, que deve ser repassado também ao Dnit, já havia sido feito, nesta semana, pelo governador Silval Barbosa. O projeto inicial previa apenas a construção de uma ponte própria para transporte ferroviário na localidade.
O projeto inicial, antes das modificações que estão sendo feitas, apontava implantação em duas etapas: a primeira envolvendo de Campinorte (GO) a Lucas do Rio Verde, com pouco mais de mil quilômetros de trilhos. O início estava previsto ainda para o ano passado e conclusão para 2014. Os investimentos para isto seriam de R$ 4,1 bilhões. Já a segunda etapa, partiria de Lucas até Vilhena (RO), com 598 quilômetros e cujas obras ainda estavam sem previsão de início. Neste traçado, R$ 2,3 bilhões seriam destinados. Os recursos utilizados serão provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Com as adequações de projeto, pode haver diminuição na extensão dos trilhos, porém, ainda abrangendo os municípios citados. Além de Fávaro, participaram da audiência os senadores Blairo Maggi, Jayme Campos e Pedro Taques, deputados Homero Pereira e Julio Campos, o diretor da Aprosoja Antonio Galvan, deputados estaduais e secretários de municípios mato-grossenses.