Produtores e empresários de Mato Grosso começam a calcular os prejuízos provocados pela falta de espaço para estocar a safra de milho. De acordo com representantes do setor, um "apagão" logístico em diversos municípios apresenta o lado negativo de uma safra de alta produtividade no Estado. Em algumas propriedades, montanhas do grão ficam expostas a céu aberto, em função do volume que excede a capacidade dos armazéns.
Para o presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Júlio Simpack, como a safra de soja foi praticamente toda comercializada e as negociações envolvendo o milho também estão bastante aceleradas, não deveria faltar espaço para estocar a produção. O problema, na opinião dele, é que o ritmo de retirada destes grãos é lento, em função das novas regras para profissionais de transporte de cargas no Brasil. "Achávamos, no início da colheita, que não teríamos muitos problemas com armazenagem de milho. Pela venda bastante rápida de soja, em função dos excelentes preços, imaginava-se que os armazéns estariam vazios", avaliou.
Para o presidente, dois fatores contribuíram para a falta de armazéns em Lucas. "Primeiro, tivemos um aumento significativo na produtividade e depois foi o problema dos caminheiros. Com essa nova legislação, que o Estado decidiu aderir, houve uma redução no fluxo de caminhões. A falta de armazéns seria um problema simples para a Conab resolver, porque nós temos um problema sério de desabastecimento no Sul e uma sobra de produto aqui. Entendo que o governo deveria atuar de tal forma a equalizar as coisas".