A produção de borracha em Mato Grosso cresceu 13,6% na última década. Em 1999, a quantidade produzida nos seringais do Estado totalizou 26,4 mil toneladas e este ano subiu para 30 mil toneladas. A variação é pequena, mas não pode ser subestimada já que no mesmo período a área plantada reduziu 11,3%, baixando de 44 mil hectares para 39 mil hectares (dados extraoficiais). A borracha foi uma das riquezas do Estado, com bastante relevância para a economia mato-grossense no século passado.
Para se ter uma noção, na década de 1980, o Estado contava com uma plantação total de 63 mil hectares, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão que estima que a plantação estadual neste ano seja igual à de 10 anos atrás, informação que difere da apurada pelos institutos de pesquisa mato-grossenses, que apontam para um plantio inferior a 40 mil hectares. O levantamento estadual é apurado junto aos produtores.
A redução no plantio de seringueiras tem motivos. A falta de investimento nos seringais, especialmente na multiplicação de clones de boa genética (que garantem alta produtividade) fez com que os produtores aos poucos fossem abandonando a cultura, e com isso a área plantada registrou gradativa queda ao longo dos últimos 10 anos. E para passar a ser um dos importantes produtores nacionais, institutos de pesquisa como a Empresa Mato-grossense de Pesquisa e Extensão Rural (Empaer) começaram a desenvolver estudos com a borracha, no intuito de aumentar a produtividade.
Novos clones, de maior potencial produtivo voltaram a ser cultivados e a expectativa é que a heveicultura mato-grossense seja retomada e passe a ser uma nova fonte de renda, especialmente para os pequenos produtores, já que uma das características desta atividade é a fixação do homem ao campo, uma vez que os trabalhos são manuais e é necessário acompanhamento constante das plantações.
O engenheiro agrônomo David da Silva, que pesquisa borracha pela Empaer há 25 anos, lembra que no passado, com a baixa produtividade das seringueiras e a falta de tecnologia para fomentar a produtividade, a produção aos poucos foi deixada de lado, cedendo espaço para culturas mais rentáveis. Ele afirma que houve um período em que o preço da borracha caiu, o que se caracterizou como mais uma razão para abandonar a atividade.
“Entre 1980 e 1985, o Estado participou do Programa de Incentivo à Produção de Borracha Natural (Probor) e elevou a área plantada para 63 mil hectares, mas como o preço no mercado estava em baixa, muitos produtores ficaram desmotivados, já que o produto importado tinha o preço tão competitivo quanto o produzido em território nacional”.