O presidente da Associação de Bares, Restaurantes e Similares, Marcelo Barão, estimou perdas de 90% no faturamento do setor, nos próximos 15 dias com o toque de recolher definido pelo governo estadual, das 21h às 5h, para conter a escalada dos casos positivos e mortes por Covid.
A medida deve impactar, a partir de amanhã, 700 empresas do segmento e algumas estão iniciando férias coletivas ou dispensando alguns funcionários. “O governador lacrou a noite do Mato Grosso. O descaso com o segmento e a falta de sensibilidade de enxergar a dificuldade dos comerciantes é muito grande. As empresas estão totalmente desestruturadas e o reflexo na economia virá. Ele (governador) tira o cliente de dentro do de um ambiente que tem segurança, distanciamento, álcool em gel e cobrança de máscaras, para levar para festas irregulares e concentração de pessoas dentro de residências”, explicou o presidente, ao Só Notícias. Em Sinop, o setor havia sido impactado, por 12 dias, mês passado, com o horário de funcionamento reduzido até às 22h para evitar aglomerações.
O dirigentes também apontou que há mais prejuízos com as empresas fechando às 19h. “O prejuízo com os estoques vai ser muito grande, produtos japonês, shops”. Dentre alguns setores que devem ser afetados, bares, sorveterias, restaurantes, conveniência, narguilés, distribuidoras de bebidas, supermercados, músicos, motoristas de aplicativos, os motoboys, entre outros.
A entrega por delivery pode funcionar até as 23h. Marcelo explica que o serviço de entrega de alimentos nas residência representa de 3% a 15% do rendimento das empresas. “Um delivery não mantém a folha de pagamento de um restaurante. Tudo isso aí vai acarretar diretamente na economia, fornecedores sem receber, endividamento dos empresários, falta de dinheiro no comércio e para quem trabalha na noite, o desemprego. Um decreto que veio bem em cima da folha de pagamento, os comerciantes queriam faturar para cumprir a folha de pagamento”.
O setor de alimentação (bebidas), que emprega 4.400 pessoas direta e indiretamente e movimenta R$ 15 milhões ao mês deixará de faturar mais de R$ 13,5 milhões, que somados aos R$ 7,5 milhões apontados anteriormente, após o decreto municipal, que durou 12 dias, somam juntos R$ 21 milhões em prejuízo..
Barão aponta que a melhor solução seria a parceria do setor público e privado. “Aumentar a fiscalização para conter os excessos, e isso não existe. É mais fácil travar um comércio do que realmente cumprir com suas obrigações. A grande maioria dos estabelecimentos vem trabalhando com responsabilidade, mas isso não tem valor nenhum para os governantes”.
O presidente disse ainda que a perspectiva de retomada do setor não é otimista e garante impactos negativos no prazo de 6 até 12 meses. “Estamos cansados de fazer protesto e fazer carreatas, vamos falar com os associados, só queremos trabalhar. Nesse primeiro momento os comerciantes estão mobilizados para ver o que iremos fazer, férias coletivas, a primeiro momento é isso”, completou.