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Preços da carne disparam no varejo em Mato Grosso

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O preço da carne bovina aumentou 96% em no intervalo de um ano no varejo mato-grossense. Levantamento da Associação de Produtores Rurais aponta que o consumidor pagava, em média, R$ 9,50 por quilo (considerando todos os cortes) em fevereiro de 2010. Na última pesquisa, realizada em 27 de janeiro deste ano, o valor médio subiu para R$ 18,71. A variação para os pecuaristas, porém, foi de 36%. A arroba saiu de R$ 67,56 para R$ 91,91.

As razões apontadas para o incremento são a retomada das exportações e escassez de animais prontos para o abate no mercado estadual. Já as conseqüências são queda no consumo e maior impacto no bolso dos consumidores. No açougue Favorito, por exemplo, as vendas caíram 30% e os clientes de classe mais baixa, que costumavam comprar as porções diariamente não estão indo mais com a mesma freqüência. A gerente Silvana Cavalcante revela que até mesmo aqueles com maior poder aquisitivo estão preferindo comprar a carne no supermercado em dias de promoção, para economizar um pouco.

Segundo ela, o preço vem alto do frigorífico e, além disso, faltam opções. “As carnes estão vindo magras e nem sempre tem os pedaços que pedimos. Às vezes temos que reduzir o volume para conseguir comprar”. Nos frigoríficos o cenário é claro: falta animal e as exportações estão em alta, apesar do presidente do Sindicato dos Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Freitas, afirmar que com a valorização, o preço (cotado em dólar) está muito elevado e por isso os compradores estrangeiros não estão adquirindo o quanto poderiam.

O presidente da Associação dos Supermercadistas de Mato Grosso (Asmat), Kássio Catena, explica que a lógica é uma só, os revendedores repassam os preços da indústria. Segundo o representante dos supermercados, “é um absurdo responsabilizar o varejo pela alta”. “Nossas margens de lucro são as mesma, o que fazemos é comprar, calcular os custos e colocar o preço. Agora, se o valor da arroba subiu, é claro que a carne também vai aumentar”.

Segundo ele, além da valorização do boi, as indústrias preferem enviar os cortes mais nobres e valorizados para outros países porque pagam em dólar, e assim o preço local fica ainda mais pesado.

Para o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) Luciano Vacari, há uma distância significativa entre a valorização no campo e na cidade e revela achar uma falta de respeito com os consumidores o valor cobrado nos açougues e supermercados. “Há uma diferença de 60 pontos percentuais entre o aumento da arroba e o aumento do quilo da carne, em algum lugar ocorre uma distorção”. Vacari diz que a equipe técnica da entidade está disposta a analisar onde está ocorrendo esta variação, mas que para isso precisa ter acesso aos preços praticados em todos os elos da cadeia. O presidente da Asmat, Kássio Catena, também coloca as notas pagas à disposição para conferência dos valores.

 

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